A cirurgia de separação, concluída com sucesso no domingo (20), durou 25 horas e foi a quarta intervenção a que as crianças foram submetidas
As gêmeas Allana e Mariah, de 2 anos e 8 meses, tiveram alta na última quinta-feira (21) do CTI (Centro de Terapia Intensiva) pediátrico do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), onde estão internadas. Elas foram transferidas para um quarto na unidade.
De acordo com o boletim da unidade de saúde divulgado no mesmo dia, Allana e Mariah estão conscientes, alimentam-se normalmente e interagem com os pais. Elas fizeram a cirurgia de separação há um mês e apresentam bom progresso na recuperação.
“É um importante passo, a fase mais complicada do pós-operatório já passou. Os dois momentos mais decisivos são a última cirurgia, a mais complexa, em que ocorre a separação completa dos cérebros e a reparação dos crânios e peles das cabeças, e também o pós-operatório, com a observação rigorosa das crianças. Por 32 dias, cada etapa da recuperação delas foi acompanhada meticulosamente”, afirma o médico Hélio Rubens Machado, chefe do setor de Neurocirurgia Pediátrica e líder da equipe.
A cirurgia de separação, concluída com sucesso no domingo (20), durou 25 horas e foi a quarta intervenção a que as crianças foram submetidas.
“É uma sensação de gratidão, de etapa vencida e alegria ao ver cada pequena em uma cama. Nós entregamos e confiamos nos médicos, enfermeiros e equipe multidisciplinar as meninas. Agora, estamos vendo elas bem, reagindo mais e mais a cada dia”, diz Talita Cestari, mãe das gêmeas.
No sábado (19), quando a cirurgia de separação foi iniciada, as equipes médicas, compostas de 50 profissionais de áreas como neurocirurgia pediátrica, cirurgia plástica, pediatria, radiologia e enfermagem, atuaram na dissecção de cerca de 25% dos vasos sanguíneos restantes.
De acordo com o hospital, os demais 75% já tinham sido separados nas três neurocirurgias a que as meninas foram submetidas anteriormente.
O primeiro procedimento, em 6 de agosto do ano passado, levou nove horas e meia para ser concluído, meia hora a mais do que a segunda cirurgia, em 19 novembro. Na terceira fase, em março, elas foram submetidas a um novo procedimento de sete horas de duração.
Um procedimento preparatório pré-cirurgia final foi realizado em 15 de abril, quando a equipe de Farina Júnior fez a inserção de expansores de pele. Uma equipe do Hemocentro de Ribeirão fez ainda a punção da crista ilíaca (osso do quadril) para a coleta de células-tronco. O procedimento total levou quatro horas para ser concluído.
As células-tronco foram colhidas para serem usadas para a formação óssea da reconstrução craniana das meninas.