Vítima diz ter percebido o erro logo após o procedimento e levou caso à polícia em Foz do Iguaçu. Médico Luciano Malerba foi indiciado por lesão corporal grave. Defesa dele afirma que não irá se manifestar.
O Conselho Regional de Medicina (CPM-PR) abriu nesta quarta-feira (2) uma sindicância para apurar a conduta do médico Luciano Malerba após ele operar o joelho errado da servidora pública Bianca Petermann Stoeckl, de 42 anos. Assista o vídeo na página do G1/RPC.
Segundo Bianca, a cirurgia deveria ter sido na perna esquerda, mas foi realizada na direita. Ela conta que percebeu o erro logo após a cirurgia e que, dias após o procedimento, denunciou o médico. A Polícia Civil indiciou o profissional pelo crime de lesão corporal grave.
De acordo com o CRM, a sindicância vai investigar se houve ou não algum erro de conduta do médico a partir do Código de Ética da categoria. A lei prevê que o processo é sigiloso.
A defesa do médico Luciano Malerba afirmou que não irá se manifestar.
Segundo a assessoria do conselho, o médico terá todo o direito de se defender, apresentando depoimentos e documentos, assim como quem acusa o profissional.
“Havendo indícios de infração ética, a sindicância passa para processo”, explica o órgão.
Se comprovada eventual responsabilidade do médico, as penas disciplinares previstas em lei pelo CRM vão desde advertência confidencial à cassação do exercício profissional.
A cirurgia
As cicatrizes nos dois joelhos são as marcas do pesadelo que a Bianca está vivendo. Ela conta que precisou fazer a cirurgia porque sofreu uma lesão no joelho esquerdo quando praticava esporte.
O laudo da ressonância magnética destaca que o exame foi feito no joelho esquerdo. O resultado apontou “ruptura espessura completa do ligamento cruzado”.
O procedimento errado foi feito em 24 de abril no Hospital da Unimed, em Foz do Iguaçu. Logo após a cirurgia, ainda em abril, Bianca procurou a Delegacia de Polícia Civil da cidade relatando o erro.
Após a denúncia da servidora, um inquérito policial foi aberto para investigar a conduto do médico. Ele foi indiciado pelo crime de lesão corporal grave. Em agosto, a delegacia encaminhou o caso ao Ministério Público do Paraná (MP-PR), que analisa se vai denunciá-lo.
Em nota, a Unimed afirmou que a paciente é assistida integralmente pela empresa. A nota diz ainda que, como a paciente procurou à Justiça, vai colaborar com as investigações com a ética médica que sempre respeitou.
Para Bianca, fica o sentimento de impunidade e de incerteza sobre se o procedimento errado poderá ou não causar algum problema de saúde futuro.
“Poxa, é meu joelho, eu não sou uma cadeira, que troca um parafuso ali. Eu não sei o que isso vai me dar de problema no futuro. Eu me sinto como se eu fosse um pedaço de qualquer coisa. Erro médico é uma coisa muito grave para quem sofre”, disse chorando a servidora pública.
Cicatrizes
Em julho, Bianca operou o joelho certo – o esquerdo. Desta vez, com outro médico. No joelho direito, além da cicatriz, ela tem agora um parafuso e uma placa.
Sobre o dia do procedimento, Bianca relembra que viu um quadro na sala com a indicação do nome dela e local da cirurgia. Após isso, por pensar que não haveria erro, não se preocupou com o procedimento.
“Como não tinha sido feita nenhuma marcação, nem nada na minha perna, eu olhei num quadro, tinha assim escrito ‘centro cirúrgico’, o meu nome e estava lá, o procedimento, era joelho esquerdo, reconstituição de ligamento cruzado anterior. Como eu olhei no quadro e vi que estava joelho esquerdo, eu falei está tudo certo”, afirmou ela.