Conhecida como a estação das flores, a primavera marca o momento em que, oficialmente, as temperaturas começam a subir, após um longo inverno. Essa época do ano é marcada pelo tempo mais seco, a umidade mais baixa e o excesso de pólen no ar — é o cenário perfeito para a proliferação de pelo menos 10 tipos de doenças bastante comuns, provando que o momento vai além da exuberância típica da flora e da oportunidade de reprodução favorita dos animais.
Em especial, é preciso ficar atento aos grupos mais vulneráveis durante a primavera — que ocorre entre os meses de setembro a dezembro —, como as crianças pequenas, os idosos e aqueles indivíduos imunossuprimidos. Como o sistema imunológico não é ou não está tão eficiente, o risco de “pequenas” doenças se tornarem complicações maiores aumenta.
Independente desses fatores, a mudança de estação é um lembrete para manter a carteirinha de imunização atualizada — o que vale também para os jovens e os saudáveis. Como veremos daqui a pouco, uma parcela significativa das doenças recorrentes na primavera podem ser prevenidas através de vacinas.
Entre as doenças mais comuns da temporada da primavera, estão as rinites alérgicas, as infecções respiratórias, as conjuntivites e uma diversidade de enfermidades que afetam, prioritariamente, crianças. A seguir, confira a lista completa com as 10 doenças mais comuns na primavera:
- Rinite alérgica
Para fazer jus ao início da primavera, a lista de doenças mais comuns nesta estação precisa começar com as rinites alérgicas. A origem de cada quadro depende do tipo de alergia que o indivíduo tem, como poeira, ácaros ou pólen, mas os sintomas tendem a ser os mesmos, como congestão nasal, dificuldade para respirar, irritação na mucosa do nariz e coceira nos olhos.
Quando a rinite se concentra nas vias respiratórias, o uso diário de soro fisiológico ajuda a manter a cavidade interna do nariz hidratada e reduz o risco de complicações. Embora sejam pouco conhecidas, as vacinas de alérgenos — um tipo de imunoterapia — podem auxiliar quem sofre anualmente com crises alérgicas, atuando na prevenção do quadro.
- Infecções por vírus respiratórios
Além das alergias, sintomas respiratórios semelhantes podem ser provocados por alguns vírus que circulam mais facilmente por causa do tempo seco, como o metapneumovírus humano (hMPV) e o rinovírus (HRV). Em paralelo, pode ocorrer a persistência de outros patógenos tipicamente associados ao inverno, como vírus sincicial respiratório (VSR) e influenza (gripe).
Se as infecções não forem tratadas, podem evoluir para um quadro de síndrome respiratórias aguda grave (SRAG), condição que, às vezes, demanda hospitalização. Aqui, a carteirinha de vacinação em dia pode reduzir estes riscos. Outra coisa que ajuda é evitar ambientes fechados.
- Conjuntivite
Em alguns indivíduos, o excesso de pólen no ar causado pela chegada da primavera pode desencadear quadros de conjuntivite alérgica, também conhecido como conjuntivite da febre do feno. Nesses casos, o paciente apresenta vermelhidão dos olhos, coceira, sensação de “areia” na região e até secreção.
Quando não se sabe qual tipo de alérgeno provoca o quadro, a doença recebe o nome de ceratoconjuntivite primaveril, que tende a ser mais comum em crianças.
- Doença Mão-Pé-Boca
Entrando no universo das doenças que afetam majoritariamente crianças, está a doença Mão-Pé-Boca, provocada por diferentes tipos de enterovírus, como o vírus de coxsackie. A infecção costuma causar febre e pequenas ulcerações (lesões) dolorosas nos pés, mãos e bocas.
Bons hábitos de higiene, como lavar as mãos após ir ao banheiro e antes das refeições, ajudam na prevenção, mas o mais importante é que os pequenos doentes permaneçam em casa, de resguardo, evitando o contato com outras crianças saudáveis.
- Catapora (varicela)
Provocada pelo vírus varicela-zóster (VVZ) e bastante comum na primavera, a catapora (ou varicela) é conhecida por ser facilmente transmitida através das gotículas geradas por um espirro ou pela tosse. Além das bolhas vermelhas que se espalham pelo corpo e coçam, a infecção causa febre, perda de apetite e mal-estar.
A vantagem é que existe a vacina tetra viral, disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS). Talvez, um grande problema seja os baixos índices de imunização infantil em todo o país, movimento que tem ganhado força nos últimos anos.
- Sarampo
Outra doença que provoca lesões avermelhadas na pele é o sarampo, causado pelo morbillivirus. Só que, aqui, as “bolinhas” lembram mais manchas que vão se agrupando e que coçam bastante, além da febre, conjuntivite e dor de garganta. É prevenível através da já citada vacina tetra viral — e também pela tríplice viral.
- Rubéola
Em alguns casos, a rubéola pode ser confundida com o sarampo ou mesmo com a catapora, já que um dos principais sintomas são manchas avermelhadas pelo corpo em crianças — entre as diferenças, está o fato das erupções cutâneas começarem no rosto e ser provocada pelo rubella virus. Transmitida por saliva ou secreção nasal, esta doença pode ser evitada com a vacinação de rotina, feita com a tríplice viral ou a tetra viral.
- Caxumba
Causada pelo paramyxovirus que chega através de gotículas da saliva, a caxumba tem como primeiros sintomas: febre, dores musculares e dificuldades em mastigar e/ou engolir. Em seguida, as glândulas salivares próximas aos ouvidos, incham, deixando o rosto temporariamente deformado. Dependendo da gravidade, pode provocar surdez ou mesmo meningite.
Em homens adultos, a infecção é capaz de atingir os testículos e causar infertilidade. Novamente, pode ser prevenida através das vacinas tríplice viral ou tetra viral.
Entenda a vacina tríplice viral e tetra viral no SUS
Segundo o Calendário Nacional de Vacinação da Criança, os pequenos que completam um ano devem receber a tríplice viral — que fornece proteção contra sarampo, caxumba, rubéola. Com 15 meses, as crianças recebem uma segunda dose desse imunizante e uma dose da tetra viral — que imuniza contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela. Aos 4 anos, este mesmo indivíduo deve receber outra vacina que protege exclusivamente contra a varicela.
- Roséola
Diferentemente das outras doenças já citadas que são comuns durante a estação da primavera e que provocam manchas na pele, a roséola não é prevenível através de vacinas. Na maioria dos casos, a doença que provoca erupções na pele, inchaços dos gânglios do pescoço e febre alta é desencadeada por infecções do herpesvírus humano 6 (HHV-6) ou do herpesvírus humano 7 (HHV-7). A transmissão ocorre por meio de gotículas.
- Escarlatina
Fechando a lista de doenças da primavera, está uma infecção causada pela bactéria estreptococo beta-hemolítico do grupo A, a escarlatina. Aqui, manchas avermelhadas pelo corpo também são um sintoma comum, mas, normalmente, surgem após um quadro de amigdalite estreptocócica ou faringite.
De modo geral, a doença pode causar febre, dor de garganta e fadiga, e é transmitida por gotículas contaminadas ou secreção nasal. Até o momento, a ciência não desenvolveu uma vacina eficaz e segura. Além disso, a mesma bactéria, em outros contextos, pode ser associada até com casos de artrite.
Em caso de suspeita de uma das 10 doenças da primavera, vale lembrar que o diagnóstico e a prescrição de remédios sempre devem ser feitos por um médico. A automedicação pode provocar diferentes tipos de complicações.
Via: Canaltech (com Ministério da Saúde, Clinipam, PUC-SP e Cidade de SP)