Acompanhe perguntas e respostas elaboradas pelo Valor Investe
Em desenvolvimento há algum tempo, dentro da agenda de inovação do Banco Central, o Drex, nome do real digital, foi apresentado hoje oficialmente. Junto com o nome de batismo e sua marca, também foi explicado pelos porta-vozes do BC, como a nova tecnologia vai funcionar no dia a dia dos brasileiros.
A partir da apresentação de Fábio Araújo, coordenador da iniciativa do Real Digital, e Aristides Cavalcanti, chefe do Escritório de Inovação e Segurança Cibernética, em live transmitida hoje no canal do YouTube do Banco Central, o Valor Investe elaborou um perguntas e respostas sobre o tema. Acompanhe:
O que é o real digital?
O real digital, agora batizado Drex, é a representação da moeda brasileira no ambiente digital. Essa representação será feita em uma rede blockchain permissionada, isto é, só terão acesso instituições cadastradas, sejam bancos, fintechs ou instituições de pagamento. Dentro dessa rede, o real digital vai poder interagir com outros ativos tokenizados, ou seja, a representação digital de ativos reais, como investimentos, contratos de crédito, imóveis, entre outros.
O real no seu formato digital ficará disponível em operações interbancárias, entre instituições financeiras. Os reais que aparecem no banco serão representados em depósitos tokenizados, que poderão ser utilizados em diversas operações.
Real digital é uma criptomoeda?
Não, o real digital Drex não é uma criptomoeda, ou stablecoin (as criptos pareadas a algum ativo real, como moedas fiduciárias), nem um criptoativo. O real digital é o real do dia a dia que estamos acostumados, representado de forma digital dentro de uma rede blockchain.
Como funciona a rede blockchain?
A ideia do blockchain foi criada para demonstrar, através de uma tecnologia inovadora, que é possível transferir um valor monetário de uma pessoa para outra, sem a necessidade de um intermediário, a partir da confiança gerada por uma rede de validadores. O blockchain pioneiro e mais conhecido é o do bitcoin. Depois, surgiram outros, como do Ethereum, da Ripple, Solana, entre outras, onde ocorrem as chamadas finanças descentralizadas. Essa tecnologia possibilita menor nível de intermediação a diversas transações, com maior eficiência e menor custo.
Qual a relação entre o Pix e o Drex?
O real digital Drex e o Pix são bem diferentes. O Pix foi criado para popularizar e democratizar o acesso ao serviço de pagamentos, o que se tornou uma referência internacional. O real digital vai facilitar o acesso a serviços financeiros que serão desenvolvidos e oferecidos pelos bancos.
As pessoas fazem o pagamento com facilidade, usando o Pix. Com real digital, as pessoas poderão fazer um empréstimo com mais facilidade ou ter uma opção de investimento mais acessível, um seguro mais fácil.
De que forma o real digital Drex vai permitir essa acessibilidade?
Com o real digital será construída uma plataforma que vai permitir o desenvolvimento de novos serviços financeiros. Com tecnologia blockchain, trabalhos que são meramente operacionais, poderão ser automatizados, diminuindo o custo de intermediação e, consequentemente, tornando produtos e serviços financeiros mais acessíveis à população.
Por exemplo, o investimento. A partir do momento que se tokeniza um investimento que atualmente exige um valor mínimo de R$ 1 mil ou R$ 2 mil, esse investimento pode ser fragmentado e disponibilizado a R$ 10 ou R$ 5.
Como as pessoas poderão usar o real digital no dia a dia?
A ideia é que as pessoas estabeleçam uma relação com o real digital através da janela que o Pix abriu. Atualmente, os brasileiros estão usando o aplicativo de seus bancos para realizar ou consultar suas operações com Pix. Nesses acessos, o banco oferece um crédito, um investimento, um novo cartão de crédito.
Com o real digital esse produtos poderão ser oferecidos em uma variedade maior, a partir de necessidades do cliente, dialogando com o Open Finance.
À medida que a economia digital avança, aumenta a tokenização de diversos ativos do mundo real, como carros, imóveis, músicas, vídeos – uma vasta gama de possibilidades de negociação e comercialização que poderão ser realizadas com o real digital, de formas mais eficientes, baratas e acessíveis à população.
O uso do real digital terá custo?
O real digital está associado a um serviço financeiro, que tem seu custo de operacionalização, cobrado pelo prestador do serviço. A vantagem no ambiente do real digital é que esses custos serão menores.
O real digital poderá ser usado para pagamentos?
Sim. Conforme aumentam as ofertas de ativos tokenizados, conforme citado anteriormente, o real digital poderá ser utilizado para o pagamento dessas operações, de forma segura e eficiente, sem a necessidade de utilizar uma criptomoeda.
Em geral, os criptoativos não têm sido usados para pagamento em si, são usados como investimento. Bitcoin, ethereum, solana, entre outros, são utilizados como investimento.
Contas e obrigações financeiras são realizadas com real, como pagamento de contas, aluguel e salários. Essas operações poderão ser feitas com real digital, conforme as instituições financeiras participantes do projeto desenvolvam soluções nesse sentido.
Em uma blockchain pública, as transações podem ser conferidas por qualquer pessoa. Na plataforma do real digital também?
A questão da privacidade e sigilo de dados é um dos aspectos mais importantes do real digital. Essa é uma preocupação muito grande do Banco Central: que a privacidade das transações na plataforma estejam aderentes às questões de sigilo bancário e à lei geral de proteção de dados.