Cooperativa nascida em Campo Mourão, no Paraná, é a maior vencedora da categoria cooperativismo na história do MELHORES E MAIORES
Em 1970, 79 agricultores se juntaram para formar a cooperativa Coamo, em Campo Mourão, no Paraná. Em 2023, 31 mil associados diretos formam o que se tornou a maior cooperativa do Brasil, após chegar a Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Quando olha para a evolução da empresa ao longo das mais de cinco décadas, Airton Galinari, presidente executivo da Coamo, diz que só foi possível acompanhar a expansão do agronegócio brasileiro pois os pilares do cooperativismo sempre se mantiveram vivos. Isso significa que, mesmo diante de safras mais volumosas e desafios de infraestrutura, “a Coamo nunca fechou as portas para o cooperado”.
A consistência histórica e o impacto no mercado foram determinantes para a Coamo ser a recordista em premiações anuais no agronegócio em MELHORES E MAIORES, da EXAME, que celebra 50 anos em 2023.
Todos os anos, diz Galinari, a Coamo investe entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão nas 115 unidades de recebimento de grãos, principalmente visando a amplificação e a qualidade da armazenagem de soja, milho e trigo. “O produtor vê esse esforço, reconhece isso e por isso a gente tem tido sucesso no recebimento de grãos, fornecimento de insumos e tudo o que inclui a roda da produção até a industrialização”, ele afirma.
Do montante investido anualmente, o presidente executivo explica que parte significativa vai para a ampliação da indústria. “Nós verticalizamos o trigo e temos uma variedade enorme de produtos, na soja idem, fazemos óleo, farelo, gorduras. E agora no milho estamos em ração e pretendemos ir para o etanol”, diz. Ainda assim, para que seja possível atender a diversos mercados importadores, parte dos grãos é mantida como matéria-prima, como é o caso da demanda chinesa.
Agricultura
A expansão dos negócios da Coamo também abrange a ampliação da área plantada, por meio da recuperação de pastagens degradadas. Há 10 anos, lembra Airton Galinari, as áreas no Mato Grosso do Sul somavam 220 mil hectares, enquanto na safra 2023/2024 a extensão para cultivo chegará a 350 mil hectares.
“Essa área de pasto entrou para a agricultura, então estamos dando foco para essa capacidade, em ampliar as instalações e atender melhor o produtor que cresceu ali dentro, que antes era pecuarista e agora é agricultor também”, diz. Para o presidente executivo, este é um exemplo de ESG na prática. “Falar de governança, junto com ambiental e social, é falar do próprio cooperativismo”, ele afirma.
Neste sentido, Galinari diz que a organização, que partiu de algumas dezenas de produtores, precisou ser construída nos mais de 50 anos com uma governança bem definida. Um conselho de administração eleito delega à diretoria executiva o rumo dos negócios, como custos de produção à cooperativa e ao cooperado, a previsão de receita e a estimativa de vendas ao longo da safra. “A governança é muito harmônica, e esse alinhamento é um ponto muito forte. O mercado também percebe isso, incluindo as certificações que precisamos mostrar para a comercialização internacional”, diz o presidente executivo.
Planos para o futuro
Para os próximos 50 anos, a Coamo passa a contar sua história com ingredientes contemporâneos: digitalização, inteligência de dados e startups. Assim como em outros segmentos do agronegócio, o cooperativismo compreendeu a importância de acompanhar a modernidade e colocar algumas soluções do campo direto na tela do celular.
Hoje, de dentro da fazenda, os milhares de produtores conseguem acompanhar a cotação das sacas, programar a retirada de insumos e conferir nota fiscal. Caso algum agricultor cooperado ainda não tenha internet, a empresa se prontifica a facilitar a conectividade. “A cooperativa financia e leva até a fazenda a infraestrutura para implantar internet, todo o necessário para a conectividade nós viabilizamos, inclusive porque o cooperado consegue fazer tudo pelo aplicativo”, diz Galinari. Junto à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Coamo estuda o potencial de startups, e na área de sustentabilidade um dos focos é o incentivo aos painéis solares.