Se você já foi internado alguma vez ou visitou um paciente no hospital, é altamente provável que tenha visto um potinho de gelatina colorida fazendo parte da refeição. O alimento é comum na dieta de quem está no hospital e, entre os inúmeros motivos, está a sua alta concentração de água. Mais do que nunca, pessoas debilitadas precisam estar com a hidratação em dia.
Para entender o porquê da gelatina ser parte da alimentação “padrão” hospitalar e conhecer os seus benefícios, o Canaltech conversou com Layla Louise Mendes Barros dos Santos, nutricionista da Beneficência Portuguesa de São Paulo (BP).
Por que o hospital oferece gelatina para pacientes internados?
Quando pensamos na gelatina incluída na dieta hospitalar, não existe um único argumento, mas alguns que justifiquem a sua popularidade. Por exemplo, é facilmente digerida pelo organismo e apresenta boa tolerância mesmo em pacientes debilitados. Além disso, tem baixo teor calórico, é isenta de gorduras e apresenta alto valor hídrico (concentração de água). Também é fácil de ser preparada.
“Por esses motivos, é comum a oferta de gelatina em hospitais, sendo água, chás e gelatina os primeiros alimentos ofertados a pacientes em pós-operatório ou que necessitem de atenção ao trato gastrointestinal”, afirma Santos. Basicamente, o alimento se encaixa em uma dieta hídrica e de fácil digestão.
É a mesma gelatina que se compra no supermercado
Como é um alimento consumido por pacientes hospitalizados, é possível pensar que seja algum tipo diferente de gelatina. Só que, na maioria das vezes, é o mesmo produto que compramos nos supermercados, com algumas diferenciações. Por exemplo, a equipe da gestão hospitalar tende a comprar pacotes maiores, de 1 kg.
“Os nutrientes fornecidos pela gelatina podem alterar em cada marca disponível no mercado, pois alguns fornecedores adicionam vitaminas (comumente a vitamina C) em suas fórmulas para melhorar o valor nutricional da preparação”, acrescenta a nutricionista sobre outra possível variação.
Todo mundo pode comer gelatina no hospital?
Embora se tenha a ideia de que todo mundo consome um potinho de gelatina no hospital, isso não é bem verdade. Antes da sobremesa chegar até o quarto do paciente, a refeição foi minimamente analisada conforme as suas necessidades dietoterápicas. De modo geral, existem quatro contraindicações:
- Pacientes com dieta hipoalergênica e alergia aos corantes;
- Pacientes diabéticos ou com hiperglicemia devem consumir a gelatina diet;
- Pacientes com disfagia (dificuldades para deglutir alimentos e líquidos) não devem consumir gelatina sem a orientação do fonoaudiólogo;
- Pacientes vegetarianos e veganos devem consumir gelatina de origem vegetal, produzida a partir de algas marinhas (a gelatina padrão é de origem animal).
Quais alimentos são bons para pacientes que estão internados?
Aqui, cabe pontuar que os alimentos hospitalares vão muito além da gelatina — apenas um dos possíveis itens do cardápio. Como regra, a dieta é pensada para melhorar o prognóstico e acelerar a recuperação (alta precoce). Dessa forma, é preciso fornecer ao indivíduo todos os nutrientes necessários para que o corpo restaure o sistema imunológico e os tecidos danificados de forma eficiente.
Para isso, Santos explica que “é necessário o consumo de todos os grupos alimentares (alimentos reguladores, construtores e energéticos), fonte de carboidratos, proteínas, lipídeos e micronutrientes (vitaminas e minerais)”. Nesse ponto, o consumo de alimentos minimamente processados ou in natura, como frutas, legumes, verduras, são altamente recomendados.