Tenho grande convicção em afirmar que o agronegócio experimenta algumas das mais avançadas tecnologias do mundo!!!
Na última década, o número de start-ups agtechs voltadas para os agricultores aumentou. Eles agora podem aproveitar softwares, hardwares e soluções baseadas em serviços que prometem aumentar a eficiência, aliviar pontos problemáticos e reduzir seu impacto ambiental. A grande dúvida é: por que não utilizamos na mesma velocidade que de outros setores?
Um dos grandes pontos que ajudam a responder esse dilema é a psicologia dos agricultores:
- Pouca confiança nas empresas.
- Pouca confiança nos dados e modelos de negócios do lado fora da porteira.
- Dificuldade de analisar a quantidade de tecnologia incorporada aos fluxos de trabalho e dados gerados todos os dias na fazenda.
Essa é a famosa UX (user experience), ou seja, a interface do usuário – que afeta a adoção de tecnologias relacionadas a software para utilização agrícola. O grande benefício da tecnologia é ajudar o agricultor na tomada de decisão. Porém, na maioria das vezes, a maneira com a qual a tecnologia é apresentada ao cliente gera uma confusão ainda maior na análise de dados e posterior tomada de decisão. Isso se deve à cultura e visão de desenvolvimento de software para mercados que não são do agro.
Veja esse exemplo: nas mídias sociais, o objetivo é não apenas manter as pessoas voltando ao aplicativo com a maior frequência possível, mas também mantê-las lá o maior tempo possível. É só pensar na rolagem infinita do Instagram.
Na agricultura, economizar tempo e ser eficiente é um dos pilares de valor enfatizados, o que significa que um agricultor ou agrônomo deve ser capaz não apenas de entrar e sair o mais rápido possível, mas também de fornecer insights mais interessantes. Isso não é bom apenas do ponto de vista da economia de tempo, mas também ajuda com valor real (informações fornecidas) e nas respostas de dopamina dos usuários. É uma área na qual sei que muitos grupos estão trabalhando. Outros pontos que são enormes barreiras à adoção de tecnologia no agro são a fragmentação e falta de arquitetura de dados padrão e interoperabilidade entre plataformas.
Ok, Bruno … mas o que isso significa?
Resumidamente, temos um desafio grande na construção da lógica por trás das análises dos dados, da captura deles e também na integração de várias plataformas para aumentar a qualidade das análises. Para obter uma compreensão mais profunda de como o uso da agtech pode diferir entre as regiões do mundo e quais barreiras podem estar impedindo uma adoção mais ampla, a McKinsey & Company realizou uma pesquisa com 5.500 agricultores em 2022 na Ásia, Europa, América do Norte e América do Sul.
As respostas dos agricultores revelam que a adoção da agtech varia acentuadamente entre as regiões geográficas e que os adotantes hesitantes são particularmente cautelosos com o ROI (retorno sobre investimento) pouco claro e os preços altos A América do Norte e a Europa são líderes na adoção de agtech, com a Ásia ficando atrás.
Abaixo, mostramos os planos de se utilizar pelo menos uma tecnologia nos próximos dois anos de acordo com o continente:
- Global: software de gestão de fazenda (39%)
- Europa: software de gestão de fazenda e sensoriamento remoto (62%).
- América do norte: software de gestão de fazenda (61%).
- América do Sul: sensoriamento remoto (50%).
- Ásia: automação de fazenda e robótica (9%).
Atualmente, os agricultores enfrentam imensos desafios – como aumentos de preços, mudanças climáticas extremas, no comportamento do consumidor e de regulamentação. As agtechs têm a oportunidade de desempenhar um papel ainda maior se houver um foco concentrado na solução dos desafios da última década em relação ao retorno sobre o investimento, custos e coleta de dados automatizadas.
Quando bem feita, uma maior adoção das agtechs pode levar a um crescimento mais inclusivo e sustentável para os agricultores e beneficiar consumidores e investidores conscientes além do portão da fazenda.
Por: Bruno Dupin, no Olhar Digital