Crânio do “menino de Viste”, um dos esqueletos mais antigos já descobertos na Noruega, tinha uma deficiência
Em 1907, restos mortais de um menino de 15 anos foram encontrados na Noruega em uma caverna em Randaberg, ao longo da costa oeste do país. Os vestígios datam de cerca de 8.300 anos atrás, no período Mesolítico da Idade da Pedra. Recentemente, foi feita uma nova reconstrução de corpo inteiro do garoto conhecido como Vistegutten, que significa “menino de Viste” em norueguês.
O que se sabe sobre o garoto:
- Ele tinha cerca de 1,25 m quando morreu, o que é considerado baixo para sua idade mesmo nos padrões de altura da época;
- Ele apresenta uma condição conhecida como escafocefalia, que faz com que o crânio se funda muito cedo, provocando o crescimento da cabeça para trás em vez de para os lados;
- Provavelmente, ele morreu sozinho, porque sua ossada estava encostada na parede da caverna quando encontrada.
Ou ele foi colocado assim após sua morte, ou ele realmente morreu nesta posição. Isso pode dar a impressão de um menino solitário, esperando em vão que seus amigos e familiares aparecessem. Mas, não sabemos nada sobre como ele morreu.
Oscar Nilsson, artista forense sueco responsável pela reconstrução, em declaração ao site LiveSciece
Condições físicas do menino de Viste
A escafocefalia não causa danos ao desenvolvimento ou deficiência intelectual. Sendo assim, mesmo que a baixa estatura e a condição no crânio tenham rendido uma aparência estranha para o menino, segundo os pesquisadores, ele era saudável e bem alimentado.
Na caverna de cerca de cinco metros de largura e nove metros de profundidade, foram encontrados restos de diversos animais, instrumentos de cozinha, ornamentos e ferramentas de pesca. Essas descobertas indicam que mais pessoas viviam ali além do menino.
Reconstrução 3D
Para fazer a reconstrução, foram realizadas duas tomografias computadorizadas do crânio, possibilitando a criação de um modelo 3D, que depois foi impresso em plástico. A reconstrução dos tecidos foi feita baseada em adolescentes atuais do norte da Europa da mesma idade.
As cores da pele, do cabelo e dos olhos foram descobertas a partir de uma análise de DNA dos vestígios do menino. Essas características provavelmente são muito semelhantes a outras descobertas na Noruega, com cabelos e olhos escuros e tom de pele intermediário.
Em sua reconstrução, Nilsson pretendia colocar um sorriso no adolescente, no entanto, devido às circunstâncias em que ele foi encontrado, o artista decidiu não seguir em frente com a ideia.
“À medida que me aprofundava no projeto, não conseguia me livrar da sensação de menino solitário. Imagino-o a caminho do mar (que era extremamente próximo da gruta) para apanhar alguns peixes. Está muito vento nesta parte da Noruega, por isso trabalhei bastante para fazer parecer que o vento sopra em seu cabelo e roupas”, disse ele.
Vestimentas e acessórios
Para a reconstrução do corpo completo, também foram desenvolvidas peças de roupa ao estilo do período. Helena Gjaerum, uma arqueóloga independente também sediada na Suécia, confeccionou as vestimentas usando técnicas pré-históricas de costura e curtição do couro.
Aliás, este não é o primeiro trabalho que Nilsson e Helena desenvolvem juntos. Também é obra deles “a mulher de Lagmansören”, que o Olhar Digital revelou há quase um ano.
A túnica do menino foi feita a partir da pelagem de um alce depilado e curtido e peles de salmão com casca curtidas foram postas em sua cintura. Ele também carrega uma bolsa feita de pele de veado e um colar feito com vértebras de peixe e uma concha, tudo isso costurado com fios de tendão e tiras de couro.
Fonte: Olhar Digital