A cachorra dorme todas as noites com o irmão e dá o alarme quando alguma coisa está errada.
Daisy é uma cachorra de dois anos, da raça rottweiler. Ela foi adotada logo depois do desmame e afeiçoou-se à nova família, especialmente ao irmão humano. Todas as noites, Daisy se deita abraçada com o menino e aprendeu a detectar sinais de hiperglicemia.
O irmão de Daisy, cujo nome não é citado a pedido da família, nasceu com diabetes do tipo 1. A doença compromete a absorção da glicose e pode causar uma série de transtornos graves. Sem nenhum treinamento especial, no entanto, a rottweiler aprendeu a identificar a glicemia alta e dá o alarme sempre que percebe alguma coisa errada.
Uma cachorra salvando a vida
Todos os cachorros são apegados aos seus tutores. Eles não se cansam de dar provas de lealdade e amizade, mas Daisy desenvolveu sentimentos especiais em relação ao irmão humano. Ela deixa qualquer coisa para ficar ao lado dele.
Todos os dias, eles brincam juntos no quintal, na volta da escola. À noite, apesar do tamanho, Daisy se aninha nos braços do irmão e os dois dormem juntos. Esta rotina se estabeleceu quando a rottweiler era ainda um filhote.
A tutora de Daisy, Brittany Troilo, contou à imprensa que a camaradagem e a cumplicidade entre o menino e a cachorra são notáveis. Eles brincam juntos o tempo todo – a rottweiler adora correrias, saltos e nunca se cansa do cabo-de-guerra.
É à noite, no entanto, que a amizade se revela de maneira especial. Às 20h30, de acordo com as regras da casa, é a hora de o menino ir para cama. Daisy, não importa o que esteja fazendo, se levanta e sobe os degraus em direção ao quarto.
Ela espera calmamente os “rituais do sono”: escovar os dentes, vestir o pijama, apagar as luzes, etc. e, quando o irmão se deita na cama, ela se posiciona ao lado dele. Os dois sempre dormem de conchinha, independentemente da temperatura ambiente.
Quase todas as noites, Daisy e o irmão permanecem abraçados até o dia clarear. A cachorra, muito delicada, mal se move enquanto está na cama com o menino. Ela realmente se sente responsável pela segurança e o conforto da família.
Certa madrugada, no entanto, Brittany acordou com a cachorra ao seu lado na cama. Eram 2h e a tutora se espantou, porque Daisy nunca se afasta do quarto do menino. A rottweiler puxava os cobertores, insistindo para a mãe acompanhá-la.
Parecia ser uma emergência, mas o menino estava dormindo tranquilamente. Brittany decidiu acordá-lo e verificar o que estava errado. Ao fazer o teste de glicose, a mãe percebeu que ele estava com uma crise de hiperglicemia.
O menino foi medicado convenientemente e, em poucas horas, os níveis de glicose estavam controlados. Mas, se ele tivesse passado a noite inteira nessa condição, poderia ter sofrido um choque; na pior das hipóteses, a criança poderia ter morrido. Naquela madrugada, Daisy salvou a vida do irmão.
Desde então, sem nunca ter sido treinada para isso, Daisy emite sinais quando o teor de glicose está alto ou baixo demais. A maioria dos diabéticos precisam fazer testes diários de glicemia e receber insulina sintética para retomar a estabilidade.
Nos dois anos de convivência, Daisy alertou Brittany sobre as alterações noturnas da glicemia do irmão. Mais recentemente, o menino passou a usar um rastreador de glicose.
Todas as noites, a criança coloca o equipamento na altura do abdômen. Daisy aprendeu mais uma habilidade: ela nunca se deita sobre o rastreador, para não deslocá-lo, o que inviabilizaria as medições de glicose.
A família Troilo adotou outro filhote: Lilly, mais uma rottweiler. Daisy adorou a presença da nova companheira, mas manteve a rotina de dormir com o irmão, recolhendo-se no quarto todas as noites, quando chega a hora do descanso.
Habilidade comprovada
Os cães realmente podem ajudar os portadores de diabetes, mas é preciso submetê-los a um treinamento específico, que pode levar até dois anos. Daisy aprendeu a identificar os sinais de hiperglicemia, mas isto não é comum entre os cachorros.
Desde 2014, a Universidade de Bristol (Inglaterra) mantém um grupo de controle. Os cachorros aprenderam a identificar odores característicos da hiper e da hipoglicemia. Especialmente neste último caso, os cães se mostram úteis.
Os tutores voluntários do estudo são unânimes em declarar que os cachorros são capazes de farejar sinais de hipoglicemia. Com o apoio dos peludos, todos relataram menos episódios de inconsciência e mais autonomia.
A hipoglicemia noturna é especialmente preocupante para os portadores do diabetes tipo 1. Os níveis de glicose caem, mas não são percebidos. Existem equipamentos, como o rastreador de glicose, mas eles são caros e sujeitos a algumas falhas. Os cachorros são extremamente eficientes e dão o alerta a tempo de que a medicação seja providenciada.