De acordo com um estudo publicado na revista científica Human Reproduction nesta quinta (16), beber álcool na gravidez pode provocar alterações no rosto da criança. Essas mudanças podem acontecer mesmo se a gestante beber o equivalente a uma taça pequena de 175 ml de vinho ou 330 ml de cerveja por semana.
No estudo, os pesquisadores apontam que a exposição de uma criança ao álcool antes do nascimento pode ter efeitos adversos significativos em seu desenvolvimento de saúde e, se uma mãe bebe regularmente em grandes quantidades, isso pode resultar em transtorno do espectro alcoólico fetal, algo que se reflete na face.
Esse transtorno é uma combinação de retardo de crescimento, comprometimento neurológico e desenvolvimento facial anormal, e os sintomas incluem comprometimento cognitivo, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), dificuldades de aprendizado, problemas de memória, problemas comportamentais e atrasos na fala e na linguagem.
Para fazer a análise dos rostos dessas crianças, os pesquisadores usaram inteligência artificial. Ao todo, 5626 crianças foram estudadas. O grupo desenvolveu um algoritmo que obtém imagens 3D de alta resolução, além de mapas de calor para exibir as características faciais específicas associadas ao consumo de álcool das mães.
“Encontramos uma associação estatisticamente significativa entre a exposição pré-natal ao álcool e o formato do rosto nas crianças de nove anos. Quanto mais álcool as mães bebiam, mais mudanças estatisticamente significativas: nariz, queixo virado para fora, pálpebra inferior virada para dentro”, exemplificam os pesquisadores.
O grupo de cientistas diz que é possível que, à medida que a criança envelhece e experimenta outros fatores ambientais, essas mudanças diminuam. Mas isso não significa que o efeito do álcool na saúde também desaparece, o que sugere a importância de enfatizar que não existe um nível seguro estabelecido de consumo de álcool durante a gravidez e é aconselhável parar de beber álcool mesmo antes da concepção, uma vez planejada.
Via: CanalTech (com informações do Human Reproduction e News Medical)