Modelos indicam que em nenhum lugar do planeta a temperatura ficará tão abaixo da média como na área afetada pela massa de ar polar
Uma massa de ar frio muito potente e de intensidade incomum para o mês de novembro vai avançar pela Argentina, Uruguai, Paraguai, Centro-Sul do Brasil e alcançará a Bolívia no começo da próxima semana. Incursões de ar frio tardias não chegam a ser atípicas em novembro, que tem um longo histórico de dias com temperatura baixa e geada em cidades de maior altitude, mas esta incursão de ar frio chama atenção pela sua intensidade.
Uma amostra da intensidade comum deste frio é que as anomalias de temperatura na segunda por esta massa de ar polar devem ser as mais negativas de todo o mundo no Norte da Argentina, Bolívia, Paraguai, Oeste do Centro-Oeste e Sul do Brasil por esta incursão fria, conforme dados do modelo norte-americano GFS. Em nenhum lugar do mundo a temperatura estará tão abaixo do que é normal para esta época do ano como na zona de atuação da massa de ar frio.
Para entender. Anomalia se traduz em desvio da temperatura em relação à média histórica. Não significa que será a região mais fria do planeta e sim que a temperatura estará mais abaixo do que é comum para o começo de novembro. A região mais fria do planeta, por óbvio, será a Antártida que hoje teve temperatura mínima de 59,2ºC abaixo de zero na estação Dome A.
Os dados indicam que as temperaturas na tarde da segunda-feira no Norte da Argentina, Bolívia, Paraguai e extremo Oeste do Mato Grosso do Sul, onde nesta época do ano predomina o calor, podem se situar até 15ºC a 17ºC abaixo do que é normal para o início do mês. No Sul do Brasil, as anomalias vão ficar ao redor de 10ºC inferiores à normais históricas.
Por isso, a MetSul vem enfatizando que os dados indicam uma massa de ar com características de junho e julho em pleno novembro, a menos de um mês do começo do verão climático (trimestre de dezembro a fevereiro). Apesar de muitos anos terem frio tardio na primavera e mesmo geada não ser incomum em novembro em locais de maior altitude do Sul do Brasil, esta incursão de ar frio, pelos dados dos modelos, excede a força que normalmente se observa em pulsos de ar frio tardios em novembro.
Tanto que hoje os mesmos modelos indicam para muitas cidades do Centro-Sul do Brasil temperaturas muitíssimo baixas para os padrões de novembro e a probabilidade de marcas abaixo de zero em alguns pontos, sem mencionar a ocorrência de geada.
Como faltam quatro a cinco dias para o ingresso desta massa de ar frio, a tendência é que haja ajustes em prognósticos até a chegada do ar polar. Em suas mais recentes saídas, por exemplo, o modelo europeu aumentou a presença de nuvens e umidade acompanhando o ar frio do começo da semana, o que dificulta mínimas mais extremas e geada mais ampla, mas por outro lado aumenta o frio percebido durante a tarde com máximas mais baixas.
Outros modelos, como o canadense, entretanto, seguem indicando um episódio de geada em muitas cidades do Sul do Brasil, em municípios dos três estados da região (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná), acompanhando o pulso de ar polar. Esta é a condição que mais traz preocupação pelos seus potenciais impactos.
Geada mais ampla e mesmo forte em alguns locais nesta altura do ano é extremamente preocupante pelo seu alto potencial de danos na agricultura. A colheita do trigo ainda não chegou ao fim e muitas áreas já começaram o plantio da safra de verão. Em alguns municípios, o tempo mais frio das últimas semanas ainda impede o plantio porque a temperatura do solo está muito baixa.
Via: METSUL