Permanecer por longas horas sentado aumenta o risco para algumas doenças, como problemas do coração e diabetes. Agora, um pequeno movimento com as pernas, que deve ser feito por quem está sentado, parece acelerar o metabolismo e aumentar a queima de açúcar (glicose) no sangue, segundo pesquisadores norte-americanos. Nos testes, o foco foi trabalhar o músculo sóleo, que é parte da panturrilha.
Publicado na revista iScience, o estudo sobre o impacto do simples movimento com as pernas que melhora o metabolismo e promove a queima de açúcar foi liderado pelo pesquisador e professor de Saúde e Desempenho Humano da Universidade de Houston (UH), Marc Hamilton.
“Nunca sonhamos que esse músculo tivesse esse tipo de capacidade. Esteve dentro de nossos corpos o tempo todo, mas ninguém nunca investigou como usá-lo para otimizar nossa saúde, até agora”, afirma Hamilton, em comunicado.
Qual é o movimento com as pernas que acelera o metabolismo?
Apelidado de flexões de sóleo (SPU), o movimento deve ser feito da seguinte forma:
“Enquanto está sentado com os pés apoiados no chão e os músculos relaxados, a pessoa deve elevar o calcanhar, mantendo a frente do pé no lugar. Quando o calcanhar atinge o topo de sua amplitude de movimento, o pé está liberado para voltar para baixo. O objetivo é encurtar simultaneamente o músculo da panturrilha, enquanto o sóleo é naturalmente ativado por seus neurônios motores”, explica o pesquisador.
Para quem já frequentou a academia e teve um treino básico de musculação, é praticamente o exercício da panturrilha, mas feito sentado. Inclusive, existem algumas máquinas que permitem realizar essa movimentação com peso.
Se a explicação não foi suficiente, os pesquisadores disponibilizaram um vídeo, em inglês, sobre o estudo. É possível ver exatamente o movimento a partir dos 34 segundos:
Quais são os efeitos da flexão de sóleo no corpo?
“Quando ativado corretamente, o músculo sóleo pode elevar o metabolismo oxidativo local [onde ocorre a queima metabólitos, como açúcar e gorduras, através da quebra do oxigênio] a altos níveis por horas, não apenas minutos, e faz isso usando uma mistura de combustível diferente”, afirma Hamilton.
Nos testes, com 25 voluntários — que poderiam ter uma vida ativa ou sedentária —, os efeitos de todo o corpo das flexões de sóleo incluíram uma melhora de 52% na estabilização das flutuações de glicose no sangue e reduziram a necessidade de insulina em 60%, quando os participantes receberam bebidas com glicose.
Quantas vezes o movimento precisa ser repetido?
A série ideal de repetições ainda é um ponto que está aberto. No experimento, os voluntários passaram horas realizando as flexões de sóleo. Para ser preciso, pelo menos 130 minutos, o que tona o movimento quase impossível de ser adotado na rotina das pessoas. Segundo os autores, esse prolongado tempo é possível pelo fato da atividade ser de baixo impacto e não causar fadiga, mesmo em pessoas sedentárias.
Agora, o próximo desafio da equipe de Hamilton é realizar experimentos com períodos menores de contração e entender se os resultados serão tão bons quantos. Enquanto isso, eventualmente, trabalhar os músculos da panturrilha durante o dia não parece ser um “sacrifício” tão grande, enquanto estamos sentados.