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Criminosos usam menina com câncer para roubar mais de US$ 640 mil

O vídeo aparentemente real de uma garotinha com câncer, solicitando doações para auxiliar em seu tratamento, está sendo usado por bandidos em uma falsa campanha de arrecadação. O golpe já teria acumulado mais de US$ 640 mil (R$ 3.247.743,50) de usuários falantes de cinco idiomas, enquanto os vídeos relacionados à ação acumulam mais de 10 milhões de visualizações em diferentes plataformas e redes sociais.

Na maior parte dos vídeos, a menina é Alexandra, mas variações também a chamam de Ariela, Barbara ou Ksenia. Nas cenas, ela aparece tendo o cabelo raspado enquanto chora, falando para a câmera sobre seu tratamento para câncer e como seus pais não têm dinheiro para arcar; o pedido de doações é feito pela própria, em meio a apelos por sua salvação.

É um conteúdo altamente emocional e angustiante, que vem sendo disseminado por criminosos para a aplicação de golpes. Os pesquisadores do laboratório de ameaças da empresa de segurança Avast, que descobriram a campanha, não conseguiram localizar as imagens reais da garotinha, mas apontam a disseminação ampla das cenas como um golpe, que usa diferentes métodos de financiamento coletivo para arrecadar valores em dólar.

São diversos os indícios de fraude. Os domínios relacionados à campanha foram cadastrados recentemente, enquanto usam endereços anônimos do Gmail compostos por letras e números aparentemente aleatórios. O mesmo e-mail, entretanto, foi encontrado como meio de contato em duas campanhas aparentemente separadas, em que a garotinha atende por nomes diferentes e fala diversos idiomas, enquanto todos os registros apontam para o mesmo complexo de apartamentos em Jerusalém.

Outras características comuns de golpes que tentam fazer vítimas pela comoção aparecem aqui, como a ideia de que o câncer da garota já se espalhou por todo o corpo e a falta de especificidades sobre sua condição médica ou cidade em que mora. Além disso, claro, há o fato de os vídeos estarem disponíveis em pelo menos cinco línguas: português, hebraico, francês, espanhol e árabe.

“Esse golpe, como tantos, aproveita os impulsos altruístas que os humanos têm para ajudar uns aos outros. É especialmente malicioso e antiético, porque está potencialmente se aproveitando de uma criança real, doente ou não, cujo vídeo foi roubado para o golpe ou a forçando a encenar”, aponta Pavel Novak, analista de operações de ameaças da Avast. “[A fraude] também corrói a confiança das pessoas no crowdfunding pessoal e na caridade, e desvia o dinheiro de causas e instituições reais”.

Segundo a Avast, os domínios relacionados à campanha já foram retirados do ar, à pedido da própria empresa de segurança, enquanto solicitações também foram feitas ao YouTube e à Equipe de Resposta a Emergências Cibernéticas de Israel (CERT) para retirada de conteúdo. Os especialistas apontam, ainda, que campanhas semelhantes, envolvendo outros indivíduos e pedidos de doação, também estão circulando em massa por e-mail.

A realização de doações para tratamento de saúde e pessoas carentes é mais do que incentivada, mas os usuários devem prestar atenção para quem estão enviando dinheiro, principalmente quando os pedidos vierem de redes sociais, e-mail ou mensageiros instantâneos. Pesquise informações sobre as campanhas em andamento e busque instituições reconhecidas, que possuem métodos claros para envio de doações, além de transparência na utilização dos fundos recebidos.

Do CanalTech

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