Em 2010, a norte-americana Leah Spring visitou um orfanato de crianças com necessidades especiais na Sérvia e teve certeza que precisava fazer algo por elas
“Ela foi chamada para a maternidade”. A afirmação foi feita pela norte-americana Kathie Brinkman, em entrevista ao portal TwinCities, sobre sua amiga Leah Spring. E não há quem conheça a história de Leah e não diga o mesmo. Com seus 47 anos, a moradora de Eagan, no estado de Minnesota, EUA, tem mostrado ao mundo que sua maternidade não revela nada de extraordinário, mas sim, apenas muito amor e disposição.
Leah é mãe de seis filhos com síndrome de Down. Dos seis, Angela, de 22 anos, é sua única filha biológica. Axel, de 18 anos, Abel, de 15, Asher, Amos e Audrey, de 14, são adotivos. Além disso, ela também é guardiã legal de Roman, de 15 anos, que tem síndrome alcoólica fetal e síndrome de Tourette.
Mas o que levou Leah e seu esposo Dean Ellingson, de 58 anos, a tomarem essa decisão para sua família? Segundo reportagem do TwinCities, em 2010, Leah viajou para a Bulgária para acompanhar um amigo que tentava adotar uma criança. Eles também visitariam orfanatos de crianças com necessidades especiais na Sérvia. Só que antes de viajar, Ellingson fez um pedido à esposa: “Independentemente do que aconteça, não se apaixone por nenhuma criança por lá. Não somos nós que estamos adotando. Estou ficando velho e já temos o suficiente”.
Ellingson disse isso porque ele já tinha um filho quando conheceu Leah. Assim como ela, que também já tinha três filhos biológicos de seu primeiro casamento, incluindo Angela. No entanto, não demorou muito para que ele mudasse de ideia. “Ela começou a me enviar fotos das crianças pequenas”, contou Ellingson. “E eu me apaixonei”.
“Por que não?”
Diante da difícil realidade daquelas crianças nas instituições que visitou com seu amigo, Leah sentiu que precisava fazer algo por elas. “Quando você entra na instituição e vê com seus próprios olhos as crianças sendo negligenciadas e armazenadas, quando você vê uma sala cheia de berços em silêncio, você não pode não fazer algo”, disse a mãe em entrevista ao portal The Mighty.
Segundo Leah, a resposta para a decisão que ela e seu esposo tomariam estava em forma de pergunta: “Por que não?”. Ela sentia que era sua responsabilidade oferecer estabilidade, proteção, educação e, acima de tudo, uma família para aquelas crianças.
Então, em dezembro daquele mesmo ano, Leah voltou para a Sérvia e adotou seu filho Axel, que na época tinha dez anos de idade. Um ano depois, retornou ao país para adotar Asher, que tinha sete anos e havia passado toda sua vida em uma instituição onde sofreu abuso.
Em 2013, Ellingson viajou com Leah para adotar Abel, que tinha comportamento agressivo por também ter sido abusado e, por isso, estava fora do interesse das pessoas que procuravam uma criança para adotar. Em 2014, foi a vez de Audrey entrar para a família. A menina havia sido severamente negligenciada desde o nascimento nas instituições em que viveu.
Por fim, um telefonema trouxe mais um membro para o lar de Leah e Ellingson. Uma família que enfrentava diversas dificuldades pediu à Leah para que ficasse com seu filho, Amos. Depois de um processo longo de adoção na Ucrânia, Amos entrou oficialmente para a nova família em 2015.
A força da maternidade
Antes da adoção de Amos, Leah havia descoberto que estava com câncer de mama e passou meses em tratamento. Como a doença foi diagnosticada no início, ela teve uma boa resposta ao tratamento. E nesse processo, o amor e carinho de seus filhos fizeram toda a diferença. “Sinto-me mais forte com a maternidade”, afirma Leah.
Questionada sobre o que ganha com a adoção dessas crianças praticamente em todas as entrevistas que concede sobre sua família, Leah reafirma que não há nada de extraordinário nisso: “Nós simplesmente vemos as crianças crescerem e aprenderem”, disse ao The Mighty. “Não devemos esperar mais do que isso”.