Além dos procedimentos mais rotineiros realizados por médicos e profissionais da saúde todos os dias, de vez em quando surgem casos inusitados ou até mesmo bizarros na sala de operações. Em 10 anos, então, a quantidade de ocorrências extraordinárias é muito grande, não apenas ficando no campo do interessante, mas também melhorando nossa compreensão sobre o corpo humano e o que ele aguenta.
E é claro que, aqui em nosso site, já falamos de inúmeros casos impressionantes da medicina na última década. Pensando justamente no aniversário de dez anos do Canaltech, separamos os casos médicos mais bizarros dos últimos 10 anos para você relembrar tudo de mais interessante e chocante que já passou por aqui!
Cabo USB na uretra
Às vezes, o cyberpunk sai um pouco de controle e vemos alguns casos de pessoas que acabaram com eletrônicos… embutidos, digamos, em partes do corpo. Um dos casos que dão mais agonia é, certamente, o de um adolescente de 15 anos que acabou no hospital após inserir um cabo USB em sua uretra, o buraco do pênis (normalmente) utilizado para urinar.
E o pior: ele só chegou aos médicos após diversas tentativas de remover o item e notar sangue na urina. O objetivo, segundo o garoto, era “curiosidade sexual” — ele queria medir o tamanho de seu pênis com o cabo. Quando a cistoscopia, que procura alargar o buraco para viabilizar a remoção do objeto, falhou, o jeito foi remover com cirurgia.
Com suturas na uretra e pênis e cateteres para que o fluxo de urina não atrapalhasse a recuperação, o rapaz melhorou após duas semanas. Apesar de raro, este caso de 2021 não é o primeiro e certamente não será o último onde brincadeiras com a uretra acabam mal, como já relatamos por aqui.
Engolindo LEGOs
E não é só dos pacientes que os casos bizarros vêm. Alguns médicos se dispuseram a fazer uma experiência engolindo cabeças de LEGO e esperando que fossem expulsas, buscando em suas próprias fezes incansavelmente. A média atingida pelos intrépidos pesquisadores foi de 1,71 dias para reaver as peças.
Chamada Don’t Forget the Lego, a pesquisa, de 2018, tinha o objetivo de tranquilizar os pais preocupados com a ingestão de peças por seus filhos. Apesar de podermos apontar que as peças escolhidas eram pequenas e que um dos cientistas não conseguiu reaver a cabeça do LEGO duas semanas depois, quando a pesquisa terminou, foi um esforço válido.
Embalsamada viva
Em 2018, uma mulher de 28 anos chamada Ekaterina Fedyaeva passava por uma cirurgia para retirada de cistos no ovário na cidade de Ulyanovsk, no oeste da Rússia. A operação normalmente envolve administrar solução salina nos órgãos internos, mas a equipe de cirurgiões se confundiu e utilizou formalina em seu lugar, usada no embalsamento e conservação de cadáveres.
Apesar da limpeza de emergência feita nos órgãos da paciente, ela não sobreviveu: foi embalsamada viva. Até a falência dos órgãos, ela ainda conseguiu se comunicar com a família, ficando 14 horas com a formalina no corpo antes de falecer. O ministro da saúde da região, na época, afirmou ter responsabilizado os envolvidos e aberto investigações sobre o caso.
Bebê de 3 pênis
Em 2021, nasceu o primeiro bebê com três pênis registrado na história da medicina: a difalia, quando o indivíduo nasce com dois pênis, ocorre em 1 a cada 6 milhões de pessoas, diferente do até agora único caso de trifalia. A criança nasceu em Duhok, no Iraque, e foi levada aos médicos aos 3 meses de idade, quando um segundo pênis, saindo da raiz do “original”, foi notado, além de um que se projetava a partir da base do saco escrotal.
Uma cirurgia removeu um inchaço ao redor do escroto e os dois pênis extras, e, após um ano de acompanhamento, o bebê não apresentou reações adversas.
Infectado por vírus de computador
Um pesquisador britânico chamado Mark Gasson se infectou com um vírus de computador de propósito em 2012 — na verdade, ele infectou um minúsculo chip de identificação de radiofrequência com um vírus antes de instalá-lo sob a pele de sua mão. Com o chip, ele consegue ativar o celular e abrir portas de segurança, além de identificá-lo: se outra pessoa roubá-lo, ele não vai funcionar.
Além de ser hospedeiro do vírus, ele conseguiu também infectar um computador com ele. O “agente infeccioso” foi fabricado pelo próprio cientista, e não é malicioso, tendo servido mais como um alerta sobre como infecções como essa podem acontecer.
No futuro, membros biônicos e circuitos ingeridos ou implantados no corpo para monitoramento de saúde ou ciência poderão ser infectados, algo que Gasson demonstrou na prática. Será que daqui a 10 anos veremos uma epidemia de vírus eletrônicos? Aguarde o próximo especial da década.
Conectado ao computador, literalmente
Ainda na área dos humanos biônicos, temos o caso de Phil Kennedy, um neurologista e inventor que, aos 67 anos, instalou eletrodos no próprio cérebro para conectar seu córtex motor a um computador, em 2015. Seu objetivo era o de criar um decodificador de software de voz que permitisse traduzir os pensamentos em fala, auxiliando pessoas com paralisia a falar usando apenas o cérebro.
Ele decidiu fazer a cirurgia em si mesmo após agências de saúde revogaram permissões para testes em humanos, e relatou sucesso: as combinações diferentes de 65 neurônios monitorados por ele acenderam tanto quando falava quanto quando pensava em falar certas frases. Apesar de ter de remover o implante após complicações um mês depois, ele ficou feliz por poder contribuir à pesquisa com seus próprios dados.
Alergia a tecnologia
El extraño caso de Phil Inkley https://t.co/JwPPtwEDk3 pic.twitter.com/de3QVUjdR1
— Electron Full (@electron666_) April 18, 2016
Você já assistiu Better Call Saul? Se lembra de Chuck, o irmão de Jimmy que tinha alergia a eletromagnestismo e tecnologia em geral? Pois é exatamente isso que Phil Inkly relata ter. Ex-técnico de computadores, o homem se auto-diagnosticou com hipersensibilidade eletromagnética e diz que não pode ficar perto de redes Wi-Fi, celulares, microondas, antenas de telefonia, computadores, TVs ou baterias.
Os sintomas relatados são sangramentos, desmaios, perturbação do sono, dor de cabeça e sensação de queimação. Com 36 anos em 2012, época da notícia, ele se isolou no meio da floresta no Reino Unido, fugindo da tecnologia. Por ser tão avesso a ela, ele ironicamente não pôde ser submetido a ressonâncias magnéticas para fazer os exames neurológicos que seu médico indicou para avaliar se a radiação realmente afetou seu cérebro, como é suspeitado.
Homem urina e ejacula pelo ânus
Em 2021, um homem de 33 anos passou dois longos anos de sua vida urinando e ejaculando pelo ânus. Isso aconteceu após dores nos testículos que duraram por 5 dias, que se seguiram a quantidades substanciais de urina e esperma saindo de seu reto. Uma tomografia computadorizada mostrou que ele teve um caso crônico de fístula retouretral, condição muito rara onde a uretra e o reto se conectam anatomicamente.
Geralmente, isso acontece quando o paciente passa por condições sérias, como câncer de próstata, câncer retal, cirurgias ou traumas graves. Sem ter feito cirurgias abdominais ou manipulado o reto, no entanto, o homem não teve a causa do problema esclarecida. Os especialistas teorizam que, já que passou três semanas em coma, o paciente possa ter tido um trauma advindo do cateter usado para drenar a urina à época. Após tratamento, ele se recuperou completamente.
Espuma expansiva no pênis
Quando você achar que teve uma ideia ruim, lembre-se deste homem: em 2022, um estadunidense de 45 anos decidiu inserir o bico de um aplicador de espuma expansiva — produto à base de poliuretano, usado para fixar e vedar superfícies — em sua própria uretra durante uma relação sexual. A ideia seria manter o pênis ereto com a substância e evitar a disfunção erétil.
O truque pode custar caro, já que há a possibilidade de que o homem perca a capacidade de usar o pênis e talvez até mesmo de urinar. Cirurgias foram feitas para retirar a espuma do órgão, e mais uma ficou marcada para reconstituir a uretra. De acordo com relatos, o homem já costumava introduzir objetos no orifício do pênis: nesse caso, a válvula foi pressionada acidentalmente, levando a substância até a bexiga.
O homem ficou com a espuma solidificada dentro de si por três semanas, tendo dores e dificuldades para urinar, que só pioraram. As tomografias revelaram pedaços de espuma de até 11 cm, da uretra até a bexiga. Definitivamente, não tente fazer isso em casa.
Bala de canhão no ânus
Além de uma equipe médica, um homem precisou de um esquadrão anti-bombas presente na sala de cirurgia no Reino Unido: ele estava com um projétil de canhão introduzido em seu ânus. O objeto, com 17 centímetros de comprimento, fazia parte da coleção do britânico, que disse ter escorregado e caído na ogiva por acidente. A polícia registrou a ocorrência como sendo de “um paciente com munição no reto”.
O Regimento de Descarte de Artilharia Explosiva identificou o objeto como sendo um projétil de 57 mm da Segunda Guerra Mundial, disparado por canhões antitanque. Ele já era um pedaço de metal inerte, inofensivo, mas ainda assim, um pedaço de chumbo pontudo projetado para atravessar um tanque. Os profissionais do hospital acionaram o esquadrão antibomba como parte do protocolo de segurança.
Quanto à saúde do homem, ele teve alta do hospital e deve ter uma recuperação total, já que o projétil apenas teria oferecido risco à sua vida caso tivesse perfurado o intestino, o que não aconteceu. O acontecimento inusitado foi em 2021.
Do CanalTech