Em meio à disparada nos preços dos combustíveis, motoristas estão gastando atualmente, em média, R$ 363,50 para encher o tanque do carro com gasolina comum no Brasil. O valor é 33,4% maior do que o registrado há um ano, em abril de 2021, quando eram necessários R$ 272,50 – ou R$ 91 a menos – para reabastecer o mesmo veículo.
Se considerados os valores apenas deste ano, encher o tanque do carro ficou R$ 31,50 mais caro: em janeiro, era preciso gastar R$ 332. Em abril, apenas três meses depois, a conta subiu 9,5%.
O cálculo feito pelo UOL leva em consideração o tanque de um carro de passeio com capacidade para 50 litros e a média de preços mensais do Brasil levantados pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
Há um ano, em abril de 2021, o litro da gasolina comum valia R$ 5,45, em média. Em janeiro deste ano, saltou para R$ 6,64.
Já na semana passada, custava R$ 7,27 – um aumento de 33,4% em um ano, quase três vezes acima da prévia da inflação acumulada no período (12,03%).
Hoje, segundo a última pesquisa da ANP, a gasolina mais cara é encontrada na cidade de São Paulo, onde o litro chega a custar R$ 8,60. Ou seja: para encher um tanque de 50 litros, o motorista paulistano pode ter que desembolsar até R$ 430, valor 18,3% maior que a média nacional (R$ 363,50).
Por que está tão caro?
Especialistas apontam diferentes razões para o preço alto da gasolina. Mais recentemente, a instabilidade causada pela guerra entre Rússia e Ucrânia, que fez disparar os preços do petróleo no exterior, é o que tem contribuído para esse aumento.
A política de preços adotada pela Petrobras é influenciada diretamente pela cotação do petróleo no exterior e a do dólar no Brasil, o que causa reajustes frequentes nos combustíveis. Em 10 de março, a empresa anunciou um aumento de 18,77% no preço da gasolina nas distribuidoras alta que também já está sendo repassada, em menor ou maior grau, aos consumidores.
Além disso, a gasolina vendida nos postos tem em sua composição 27% de etanol, que também registrou forte aumento nos preços. Em abril de 2021, o litro do combustível custava, em média, R$ 3,83, de acordo com a ANP. Na última semana, chegou a R$ 5,50 alta de 43,6% em um ano.
O aumento chegou a impactar em postos de países vizinhos: brasileiros passaram a fazer filas para abastecer na Argentina, enfrentando filas de até quatro horas.
Governo e Petrobras
Os reajustes nos preços dos combustíveis são alvos constantes de críticas do presidente Jair Bolsonaro (PL) à Petrobras.
Em abril de 2019, Bolsonaro pressionou a empresa para que cancelasse um aumento de 5,7% no diesel nas refinarias um aceno aos caminhoneiros, parte importante de sua base de apoio. Ele negou, porém, que tivesse interferido na Petrobras. No mesmo dia, as ações da empresa na Bolsa de Valores brasileira, a B3, despencaram mais de 8%.
Em fevereiro de 2021, Bolsonaro anunciou que não renovaria o mandato do então presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, por estar insatisfeito com a política de preços da empresa. Seu substituto, Joaquim Silva e Luna, também foi demitido pouco mais de um ano depois, em março de 2022, pelo mesmo motivo. O general foi sucedido por José Mauro Coelho, que tomou posse no último dia 14.