Apesar de diversos estados brasileiros recentemente flexibilizarem o uso de máscaras contra a Covid-19, até mesmo em locais fechados, especialistas defendem que alguns grupos devem seguir usando o item de proteção como precaução.
Além de seguir o que foi determinado pela legislação de cada estado ou município, mesmo com uma boa parcela da sociedade vacinada, inclusive com a segunda dose, o médico intensivista Rodrigo Bresani alerta que é preciso avaliar os casos de forma individual.
“Para alguns grupos de risco, principalmente pacientes idosos, imunossuprimidos por diversos motivos, pacientes oncológicos, ou com doenças crônicas, é preciso ficar muito atento. Independentemente das novas normas, a orientação para esses pacientes é, obviamente, continuar se cuidando”, afirma Bresani.
O médico explica ainda que o uso do item de proteção é fundamental para quem, por exemplo, tem algum familiar com doença crônica ou idoso porque, caso não se proteja, estará colocando esse familiar em risco. “Esses pacientes, sem sombra de dúvidas, devem continuar se protegendo. Isso, claro, supondo que eles estão já vacinados, com segunda, terceira dose, mas devem continuar fazendo o uso de máscaras em ambientes fechados e também abertos”, reforça Bresani.
Pessoas com comorbidades, além daqueles que ainda não tomaram a vacina contra a Covid-19, devem seguir usando máscaras. Entre as comorbidades estão hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares.
Os imunossuprimidos são aqueles com alguma doença que afeta o sistema imunológico, diminuindo sua capacidade de resposta, como é o caso de portadores de câncer, HIV, transplantados e outros.
Quem deveria seguir usando
A Sociedade Brasileira de Infectologia divulgou nesta segunda-feira 22 recomendações de quem deveria continuar usando as máscaras como proteção individual:
- Indivíduos sintomáticos ou que estejam potencialmente em contato com transmissores como: pessoas com sintomas de resfriado comum, ou síndrome gripal e pessoas que se expõem ao contato com indivíduos sintomáticos, como profissionais de saúde, trabalhadores de serviço de atendimento ao público, familiares de pacientes sintomáticos e situações correlatas;
- Populações mais vulneráveis a Covid-19 grave: os indivíduos abaixo listados devem manter o uso de máscaras em ambientes que contenham aglomeração de pessoas, em especial locais fechados e de longa permanência.
a) Não-vacinados contra a Covid-19, ou que receberam imunização incompleta (menos de três doses, quando indicada a dose de reforço);
b) Imunossuprimidos: imunodeficiência primária grave, quimioterapia para câncer, transplantados de órgão sólido ou de células tronco hematopoiéticas em uso de drogas imunossupressoras, pessoas vivendo com HIV com contagem de CD4 menor que 200, uso de corticoides em doses maiores que 20 mg/dia de prednisona (ou equivalente) por um período acima de 14 dias, uso de drogas modificadoras da resposta imune (imunomodulares ou imunobiológicos), doenças autoimunes em atividade e pacientes em hemodiálise.
c) Pessoas com idade maior que 60 anos (principalmente maiores que 70 anos), em especial com presença de doenças crônicas, como hipertensão arterial e diabetes mellitus não controladas, obesidade, câncer, doença renal crônica, cirrose hepática, doenças pulmonares crônicas (DPOC, Enfisema, Asma entre outras), tabagismo, doenças cardiovasculares prévias e doenças hematológicas, entre outras.
d. Gestantes com ou sem comorbidades.
Segundo um boletim recente da Associação Médica Brasileira, “uma flexibilização indiscriminada pode ampliar os riscos à população, ainda mais à parcela não vacinada ou com esquema incompleto e principalmente os imunocomprometidos”.
Locais mais propensos
Segundo ainda as recomendações da Sociedade Brasileira de Infectologia, em locais com maior risco de transmissão do SARS-CoV-2, onde há maior chance contato de pessoas com menor distanciamento físico, recomenda-se a manutenção do uso de máscaras por todas as pessoas:
Locais fechados com aglomeração frequente: transporte público (trens, metrô, ônibus e correlatos). Em locais onde houver grandes aglomerações, principalmente em determinados horários de pico como agências bancárias, repartições públicas, lotéricas e instituições de ensino entre outros.
Locais abertos quando houver aglomeração: pontos de ônibus, filas de atendimento de serviços públicos ou privados, ruas que funcionam como corredores comerciais e outros lugares com características semelhantes.
Serviços de Saúde: unidades básicas de saúde, clínicas ou hospitais públicos ou privados.
De acordo com a sociedade, os locais abertos ou fechados que não promovem aglomeração são de baixo risco de transmissão do SARS-CoV-2, e o uso de máscaras nesses locais deve ser de decisão individual, quando permitido pela legislação local.