Por conta de um beijo, Sadie, 21 meses, passou três semanas em agonia com bolhas e feridas por toda a boca, com herpes
Uma mãe usou as redes sociais para alertar outros pais a não deixarem, nunca, ninguém beijar seus bebês. “Por favor, por favor, por favor, não deixe ninguém beijar seu bebê. Não importa quem seja ou se você acha que a pessoa vai ficar ofendida. Ainda que machuque os sentimentos de alguém, mantenha seu bebê seguro”, alerta Leah Green, no texto publicado pela página @tinyheartseducation, no Instagram. “Ouça e aprenda com minha experiência o motivo pelo qual você não deve beijar bebês/crianças, especialmente se eles não são seus!”, reforçou.
Leah contou que quando sua filha, Sadie, tinha 21 meses, um adulto a beijou nos lábios e passou para ela o vírus da herpes. “Ela ficou com duas pequenas manchas no lábio e, em seguida, teve febre de 39ºC. Em poucas horas, as manchas começaram a se espalhar pelo rosto e feridinhas brancas se formaram em sua boca. Elas se transformaram em um pus horrível, especialmente atrás dos dentinhos. Só de encostar, as feridas sangravam e ela gritava de agonia”, lembra.
Durante todo esse período, Sadie não conseguia comer, nem beber nada. Ela, então, perdeu peso e teve desidratação. “Ela ficou simplesmente grudada no meu quadril por quatro dias seguidos. Qualquer tentativa de tirá-la do colo já a fazia gritar”, relata. Leah, então, levou a pequena ao médico para ver se havia algum medicamento para ajudar. Ela só tomou analgésico para ajudar com a dor, mas, realmente, não tinha o que fazer, a não ser esperar. “Ser mãe de primeira viagem e ver seu filho com dor é horrível. Foram três semanas muito, muito longas, então, espero ajudar as pessoas espalhando conscientização”, explica, pedindo para que todos compartilhem suas palavras.
Herpes em bebês: quais os riscos e cuidados?
De acordo com a infectologista Regia Damous, do Hospital e Maternidade São Luiz (SP), há dois tipos do vírus Herpes simplex, o responsável por desencadear a doença: o tipo 1 e o 2, sendo que o primeiro está mais associado a infecções labiais e o segundo, genitais, embora o contrário também possa ocorrer. Segundo a médica, esses micro-organismos permanecem no corpo em estado de latência, ou seja, adormecidos e abrigados nos nervos periféricos, aguardando um momento de fragilidade imunológica para se manifestar. Em geral, a lesão sempre aparece no mesmo lugar, em forma de bolhas, que se rompem e formam crostas, provocando coceira, ardor e, em alguns casos, febre. O primeiro episódio costuma ser o mais intenso.
Embora aconteça com pouca frequência, 5% dos bebês contraem o vírus da herpes no útero e 10%, após o parto, principalmente por meio do contato com lesões labiais dos adultos ou com a mama materna, durante a amamentação. Mas, atenção: mesmo que a lesão no seio seja identificada, o aleitamento não está proibido. Basta isolar a mama doente, caprichar na higiene das mãos e oferecer a outra, saudável. No caso de feridas nos lábios, os adultos têm de usar uma máscara. Se não for possível, evitar o contato com a criança.
O risco da herpes para as crianças
A infectologista também estima que 30% das crianças infectadas estejam em fase neonatal – e é nelas que a enfermidade costuma ser mais agressiva, podendo acometer o sistema nervoso central. Quando isso acontece, o tratamento visa diminuir a carga viral, para que o quadro entre rapidamente em remissão, além de contornar pontualmente os danos ao cérebro, com medicamentos específicos.
Outra fase crítica na infância é a escolar, quando há maior probabilidade de contato com cuidadores infectados. E não custa reforçar que, embora as crianças maiores tenham o sistema imunológico mais maduro do que os recém-nascidos, também não estão livres das consequências mais graves. Por isso, é importante tomar cuidado com os beijos e manter a higiene das mãos é indispensável.