Neste momento, o Brasil vive duas epidemias de vírus respiratórios. Tanto a gripe, mais especificamente com a cepa H3N2 (Darwin) da influenza, quanto a covid-19 seguem em ampla circulação e, para algumas pessoas de pouca sorte, as duas infecções podem acontecer simultaneamente. É o que ganhou, nos últimos dias, o nome de “flurona”.
O nome é um neologismo que vem de uma mistura dos nomes dos dois vírus: “flu”, de influenza, e “rona” de coronavírus. O termo ganhou notoriedade no mundo com a descoberta do primeiro caso do tipo em Israel.
No entanto, apesar da ideia que a expressão nova pode passar, o fenômeno não é novo, muito menos significa que um supervírus tenha se recombinado a partir dos dois vírus, ou uma nova variante.
Trata-se, na verdade, de um caso de coinfecção, ou infecção conjunta. Os dois vírus estão presentes no organismo ao mesmo tempo, mas não interagem entre si e não há qualquer indício de que possam se recombinar para produzir algum tipo novo de ameaça.
Flurona no Brasil
A combinação de surto de covid e gripe no Brasil faz do país um cenário ideal para casos de coinfecção, e alguns deles já foram detectados por aqui.
Ao jornal O Globo, Salmo Raskin, médico geneticista e diretor do Laboratório Genetika, diz que esse tipo de situação já acontece no Brasil desde o início da pandemia, embora os casos não sejam detectados regularmente.
Isso porque, em decorrência dos sintomas parecidos, costuma-se investigar apenas uma das condições. Com o resultado positivo para covid-19 em meio à pandemia, o paciente não era testado para influenza, então muitos diagnósticos de coinfecção podem ter sido ignorados.
O flurona é mais perigoso?
Para essa pergunta, ainda não há uma resposta clara. Raskin reforça que, ao longo de 2020 e por boa parte de 2021, a gripe se manteve sob controle na maior parte do mundo, já que as medidas de contenção contra o coronavírus também funcionaram contra o influenza.
No entanto, com bilhões de doses de vacinas contra covid-19 distribuídas pelo mundo, muitas das restrições já não existem mais, o que cria um cenário propício para a circulação da gripe.
Por este motivo, casos de coinfecção que pareceram raros durante a pandemia podem se tornar mais comuns e poderão ser analisados com mais cuidado pelos cientistas. Só a partir daí será possível determinar se há alguma diferença no desfecho dos casos em comparação com infecções com apenas um dos vírus.
Fonte: O Globo