O cachorro já viveu nas ruas e sabe o valor da gentileza. O beija-flor está apaixonado pelo seu herói.
Durante algum tempo, Rex viveu nas ruas, sobrevivendo com o que conseguia encontrar. Há alguns anos, felizmente, ele foi encontrado por Ed Garnon, foi adotado e ganhou um lar amoroso. Rex conhece o valor da gentileza e sempre encontra maneiras para retribuir.
Certo dia, Rex e Ed estavam fazendo uma encaminhada por um parque em Los Angeles (Califórnia, costa oeste dos EUA), quando se depararam com um beija-flor no chão. O passarinho estava coberto por formigas e não duraria muito tempo se também não fosse resgatado.
O resgate do beija-flor
Ao se deparar com a cena, Garnon pensou que o beija-flor já estivesse morto, mas Rex se recusou a seguir adiante. O tutor percebeu então que a avezinha ainda estava respirando. Ela estava bastante machucada, mas lutava para continuar respirando.
A preocupação e o cuidado demonstrados por Rex convenceram Garnon a tomar uma providência: ele decidiu ajudar o beija-flor. Era apenas uma criatura minúscula, mas ela estava brigando pela vida.
Nas semanas seguintes, o beija-flor permaneceu sob cuidados intensivos de Garnon e Rex. A ave foi batizada de Hummer – em inglês, beija-flor é hummingbird, que pode ser traduzido ao pé da letra como “ave que zumbe”, por causa do barulho causado pelas asas sempre em movimento.
Apesar da quase impossibilidade, o beija-flor conseguiu recuperar as forças e em pouco tempo já estava voando. Garnon imaginou que Hummer bateria as asas e iria encontrar novos parceiros, mas a avezinha continuou rondando a casa.
A confiança que Hummer tem em Rex é notável. Aparentemente, o beija-flor lembra muito bem da atitude do salvador naquele momento difícil e tem consciência de que deve a vida ao cachorro. Hummer está realmente apaixonado por Rex.
Os dois sempre brincam juntos, como é possível observar no vídeo, e Hummer gosta de se refrescar na tigela de água de Rex. Para o beija-flor, o cachorro não é um predador, mas um amigo de todas as horas, que deve ser mantido por perto.
As cenas de um cachorro brincando com um beija-flor, que poderia ser facilmente devorado em apenas um ataque, são estranhas, improváveis e fascinantes. Hummer pode ir e vir quando quer, mas ele prefere ficar ao lado do amigo.
O próprio banho na tigela parece ser apenas um intervalo breve entre as brincadeiras. Enquanto Rex come a sua ração (fato que leva menos de um minuto), o beija-flor se distrai na água, esperando o amigo. E, por incrível que possa parecer, o cachorro não enxerga o passarinho como um petisco, mas como um companheiro muito valioso.
Com certeza, quando recuperar totalmente as forças, Hummer irá bater as asas e procurar novas amizades – que possam voar, sugar o néctar das flores e ganhar as copas das árvores, como ele já consegue fazer.
Por enquanto, no entanto, Hummer e Rex são um exemplo de como as amizades devem ser: ajudar sempre que possível, divertir-se com a presença do companheiro e deixá-lo ir quando tiver vontade e a natureza chamá-lo para outras aventuras.
Em uma entrevista concedida à CBS de Los Angeles (uma emissora de TV), Garnon conseguiu resumir a situação: “Eu resgato o cachorro, o cachorro resgata o passarinho e o beija-flor resgata todos nós, de uma maneira que só pode ser explicada como um milagre”.
Vídeos:
A lei
Apesar de o gesto de Rex ser um exemplo de amizade e dedicação, a legislação brasileira não permite que cidadãos comuns se responsabilizem por animais silvestres de qualquer espécie pertencente à fauna brasileira.
Ao encontrar uma ave ferida, procure uma caixa de papelão para acomodá-la (faça buracos para garantir a ventilação necessária). Para capturar a ave, use um tecido leve (como um lenço) e evite que ela se debata muito.
Se o animal estiver ferido, qualquer pessoa pode levá-lo a um veterinário. Em seguida, encontre um centro de triagem do IBAMA perto de onde você está. No site www.gov.br/ibama, é possível encontrar a listagem dos locais que recebem animais feridos. Os técnicos do instituto oferecerão todas as informações necessárias.
De acordo com a lei nº n 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais), a criação e comércio de animais da fauna local são proibidos. Manter um deles em cativeiro (ter um papagaio na gaiola, por exemplo) pode ser penalizado com detenção de seis meses a um ano, além de multa.
Quase ninguém é processado e condenado por manter um animal em cativeiro – a lei mira especialmente os traficantes, não quem cria. Mesmo assim, animais silvestres nasceram para isso mesmo: para ficarem na selva, onde podem encontrar os seus iguais, viver em paz e perpetuar a espécie.