Acusado de matar filho, homem é inocentado após ficar preso por dois anos
O ajudante de obras Dorgival José da Silva Junior, de 24 anos, ficou preso durante dois anos e 14 dias, acusado de matar o filho, um bebê de oito meses, em Petrolina, Sertão de Pernambuco. No dia 25 de novembro, depois de 12 horas de julgamento no fórum da cidade, Dorgival foi inocentado.
A criança, Douglas Ravi, morreu em outubro de 2019, na casa da família no bairro Nova Vida 1, em Petrolina, onde estavam Dorgival, a mãe da criança, o irmão gêmeo do bebê e a babá. Todos dormindo, após retornar de uma festa de aniversário. Ao acordar a família foi preparar o leite dos meninos, quando perceberam que um dos filhos não estava respirando.
Ligaram para o Samu, que chegou, viu a criança e, infelizmente, não tinha mais o que ser feito. Depois que o Samu constatou a morte do bebê, a polícia foi chamada e não demorou para que Dorgival fosse considerado suspeito de matar o filho, sendo preso 14 dias após sua morte. Segundo o advogado de defesa, Marcílio Rubens, a perícia técnica detectou, na época, que o bebê havia sofrido uma asfixia direta, que causou sua morte.
“Os indícios iniciais traziam a presença de sangue humano em uma camisa utilizada por Dorgival, no dia anterior à morte do bebê. Essa camisa foi localizada pela perícia e, constatado que o sangue seria do bebê, houve a suposição de que o pai teria praticado o crime. Em razão disso, foi determinada a prisão dele”, contou o advogado ao G1.
Enquanto Dorgival estava preso, sua família – bastante humilde – lutava para provar sua inocência do lado de fora e foi crucial para o desfecho do caso. Com muito sacrifício financeiro (cerca de R$ 50 mil), conseguiu custear uma perícia particular que possibilitou uma contraprova em relação às provas inicialmente produzidas e o questionamento acerca dessas provas, demonstrando que havia falhas investigativas.
Por meio de perícia particular paga pela família de Dorgival, ficou provado que Douglas Ravi morreu após se asfixiar no próprio vômito.
Durante o julgamento, o Ministério Público também pediu a absolvição de Dorgival, por entender que as provas seriam insuficientes para sustentar o pedido de condenação. A defesa alegou que a causa da morte não foi uma esganadura, assim como, que o pai não poderia ser o autor de qualquer violência contra a criança.
De acordo com o advogado Marcílio Rubens, pelo fato de a absolvição de Dorgival também ter sido solicitada pelo Ministério Público, a tendência é que não haja recurso. Livre das acusações, o pai só pensa em recomeçar a vida. Dorgival disse ao G1 que, quando soube que seria libertado, só desejou ver o outro filho.
Com a inocência confirmada, a família pode entrar com ações indenizatórias contra o Estado e os meios de comunicação que publicaram notícias falsas sobre o caso.