Papa Francisco concede à menina Odetinha o título de “venerável”
Processo de canonização da carioca Odete Vidal Cardoso, morta aos oito anos, vítima de paratifo, chega ao segundo estágio
O Papa Francisco promulgou o decreto que reconhece as virtudes da carioca Odette Vidal Cardoso, menina conhecida como Odetinha, morta aos oito anos, em 1939, vítima de paratifo. Com a promulgação, ela, que já era reconhecida pelo Vaticano como “serva de Deus”, obtém o título de “venerável”, o segundo nível do processo de canonização, para se tornar santa.
O decreto promulgado pelo Papa Francisco foi do cardeal italiano Marcello Semeraro, prefeito da Congregação para a Causa dos Santos.
“As virtudes heroicas da Serva de Deus Odette Vidal Cardoso, leiga fiel; nascida em 18 de fevereiro de 1931 no Rio de Janeiro (Brasil) e falecida ali em 25 de novembro de 1939”, afirma um trecho do documento.
Cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta celebrou a decisão pontífice. “A primeira carioca que se torna venerável. Nasceu em Madureira, viveu na região de Laranjeiras e Botafogo e deu grandes exemplos. De piedade, oração, trabalho aos pobres, aos necessitados. E um coração aberto à eucaristia, de tal maneira que tinha o céu em seu coração. Nós agradecemos pela primeira carioca que recebe esse título, na caminhada para a beatificação e canonização”, afirma o religioso.
Os restos mortais de Odetinha estão, atualmente, na Igreja da Imaculada Conceição, em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro, onde o cardeal-arcebispo celebrou neste domingo (28) uma missa em ação de graças pelo feito.
De acordo com a Arquidiocese do Rio de Janeiro, Odetinha nasceu em Madureira, na Zona Norte, filha de um casal de portuguesas. Contudo, não chegara a conhecer o pai, Augusto Ferreira Cardoso, vítima fatal de tuberculose.
A mãe, Alice Vidal, se casaria novamente, com Francisco Oliveira, também português, um próspero empresário do setor de carnes, que adotou a menina. Religioso, passou sua fé para Odetinha. O primeiro milagre atribuído a ela seria a cura da própria mãe.
Após a morta da filha, Alice teria sido atropelada por uma bicicleta, o que gerou um ferimento grave, que provocou o risco de amputação de uma das pernas.
Na ocasião, um afilhado de Alice teria ido até o túmulo da menina, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, pedir a cura para a madrinha e prometeu lavar o ferimento com água e pétalas de rosas. No dia seguinte, após o procedimento, a ferida teria sumido.
O segundo milagre teria sido recebido por uma manicure, que não conseguia engravidar. Também perante o túmulo, prometeu que, se fosse mãe de uma menina, ela receberia o nome de Odete. O que, de acordo com o processo, teria ocorrido nove meses depois. Os dois episódios geraram ondas de visitas a seu túmulo, na década de 1970.
De acordo com as normas do Vaticano, para que o processo avance ao terceiro estágio e Odetinha seja beatificada, é preciso comprovar um milagre. Para o quarto estágio, a canonização, será necessário confirmar um segundo.