O que mata é o preconceito: Três homens falam sobre a luta contra o câncer de próstata
Apesar de ser uma doença com grande chances de cura, segue sendo uma das que mais matam os homens
O câncer de próstata é a segunda doença que mais acomete os homens no mundo todo, ficando atrás somente do câncer de pulmão. Apesar das estatísticas mostrarem um cenário preocupante em relação a enfermidade, quando descoberta a tempo, é uma das doenças com maiores chances de cura. Na realidade, o que leva muitos pacientes enfrentarem os piores quadros dela, é o preconceito que antecede o seu diagnóstico.
O engenheiro civil Silvio Ferreira da Costa Hauare, de 61 anos, conta que antes de receber o resultado de sua biopsia, não tinha noção e nem interesse para saber o que, de fato, se tratava o câncer de próstata. Segundo ele, “a gente ouve falar, mas acha que só acontece com os outros”. Diagnosticado já em um estágio avançado da doença, o engenheiro “entendeu” o que significa dessa realidade da pior maneira: com medo do que poderia vir adiante.
“Logo que eu soube, fui me consultar com especialista, fiz vários exames. O medo e a ansiedade estavam presentes em todos os momentos, foi muito duro. A família me ajudou muito, mas estava quase entrando em depressão”,
conta Silvio.
O médico Mark Neumaier que acompanhou Silvio nessa fase de mudanças, tanto em relação ao modo de vida, quanto ao modo de enxergar a vida, comenta que o paciente chegou ao seu consultório até mesmo procurando uma segunda opinião.
“É comum nestes casos a mulher marcar a consulta para o homem, depois de muitas discussões. Porque o homem acha que procurar ajuda representa fraqueza e normalmente, eles só procuram ajuda quando sentem algo, lembrando: nem sempre o câncer dá sinal”,
explica o especialista.
Após os devidos procedimentos, e as constantes preocupações, não só suas, mas dos familiares, Silvio se curou. Ao ser questionado sobre o que faria de diferente em uma possível volta no tempo, especificamente, para antes do diagnóstico, Silvio responde o que muitos outros que enfrentam e/ou já enfrentaram, afirmam:
“Faria todos os exames de prevenção! Seriam exames mais fáceis, não teria passado por tanto sofrimento como passei”.
Silvio não é um caso isolado
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2020 foram mais de 65 mil diagnósticos novos de câncer de próstata no Brasil. Apesar de o coordenador técnico de telecomunicações, Nelson Lucas de Mello, de 59 anos, ser um dos poucos homens que vão ao médico anualmente para investigar se há algo que ofereça risco a sua qualidade de vida, ele também recebeu uma de suas piores notícias: o diagnóstico de câncer de próstata.
“Minha primeira reação foi a surpresa. No meu caso, havia um risco de o tumor ultrapassar a região da próstata e ir para outros órgãos. É uma situação muito preocupante. Então, a partir daí eu já comecei a tomar as providências para poder tratar o quanto antes”,
diz.
Diante do nervosismo, coincidentemente, no mesmo período, ao conversar com uma colega, Nelson descobriu que o marido dela também havia passado pelo mesmo caso. O homem diagnosticado havia operado com o urologista e especialista em cirurgia robótica, Dr. Ricardo Brandina, em Londrina, e foi um sucesso. Por ser uma técnica com a promessa de uma recuperação mais rápida, Nelson não perdeu tempo e logo se curou.
“O médico percebeu o meu câncer graças ao fato de eu sempre fazer o exame de toque, pois no exame de sangue a alteração havia sido muito sútil. Isso foi essencial para o meu caso, pois em setembro eu descobri e em novembro já fiz a cirurgia. São apenas dois meses e, nesse período, teve um crescimento do tumor de mais de 1,5 cm”,
explicou Nelson.
Dr. Brandina afirma que a medicina tem melhorado cada vez mais no sentido de evitar efeitos colaterais. Aos homens que têm medo de enfrentar uma possível disfunção, o médico tem um recado:
“O maior medo do paciente na hora de tratar o câncer de próstata é, principalmente, a incontinência urinária e a disfunção erétil. Mas, agora, nós temos diversas formas de tratamento e, através de algumas informações, conseguimos avaliar o risco do caso e classificar como baixo, médio ou alto, para assim, sugerir a melhor solução”.
Sr. Francisco
Assim como Nelson, Francisco Caldas, de 75 anos, também sempre fez o exame periodicamente e por isso, teve seu diagnóstico precoce. Porém, o que contribuiu para que ele tivesse essa atitude foi ver de perto o sofrimento de um tio que morreu por causa da doença.
“Ele me confessou que só procurou o médico quando estava com dificuldade para urinar. Ele recebeu o diagnóstico já em um estágio muito avançado da doença e morreu por conta dela”,
contou Franscisco.
Elge Werneck que é referência na área, conta que existem alguns fatores que podem facilitar o aparecimento da doença: a idade, a genética e a raça.
“Já se sabe que negros têm mais chances de desenvolverem o câncer de próstata. Então eu sempre digo, se você se encaixa em um fator de risco, intensifique ainda mais o cuidado”,
explica Elge.
Para o médico, é importante priorizar a saúde, ao invés de qualquer tipo de preconceito e sempre procurar o médico, pois, apesar de ser grande as chances de cura, o câncer de próstata, na grande maioria dos casos, não dá sinal. Quando ele passa a oferecer algumas dificuldade, é porque já oferece um risco de vida maior.
“Acabem com o preconceito imediatamente! Nossa saúde deve estar acima de qualquer coisa”,
finaliza Francisco.