Concessionárias fizeram só metade das duplicações de rodovias em 25 anos no PR
Dos 855 quilômetros previstos para duplicação de rodovias no atual contrato de pedágio do Paraná, apenas 430 km foram executados pelas concessionárias do Anel de Integração, o que equivale a 51% do total. Além disso, dos 377 km de terceiras faixas previstos, a execução ficou em 213 km, ou seja, apenas 57% das obras contratadas foram cumpridas. O levantamento foi apresentado por técnicos do Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura, da UFPR (Universidade Federal do Paraná), na manhã desta terça-feira (23) durante audiência pública da Frente Parlamentar sobre o Pedágio da AL (Assembleia Legislativa) do Paraná.
Esse é mais um levantamento sobre o prejuízo causado pela falta de transparência e fiscalização nos contratos de concessão de rodovias firmados há 24 anos e que acabam no próximo sábado (27). O estudo conduzido pelo professor da UFPR Eduardo Riggon diz que foi difícil ainda calcular outras obras, como viadutos e pontes, nos seis primeiros lotes do atual contrato que expira no fim de semana.
Ao menos 33 viadutos deixaram de ser entregues, além de quatro contornos que foram excluídos na BR-369. São eles: contorno norte (Londrina-Cambé-Ibiporã), contorno de Cornélio, Andirá e Cambará, somente do lote 1. “Foram excluídos justamente por essas negociações feitas à época, que reduziram o pedágio em 50% no início e depois as empresas entraram com pedidos de recomposição de reequilíbrio financeiro. Esse é o grande problema, pois essas obras foram excluídas do atual contrato e aparecem no novo contrato que irá a leilão em 2022. Ou seja, são obras que serão pagas novamente pelos usuários”, disse o doutor em engenharia, responsável pelo estudo.
Na avaliação do deputado Arilson Chiorato (PT), os números apresentados traduziram o descumprimento do contrato atual com os usuários do pedágio. “Quantos viadutos e pontes não foram entregues? Não conseguimos identificar porque faltou especificidade na hora de documentar. É por isso que não podemos permitir que o novo contrato seja liberado para licitação sem os projetos técnicos. Os projetos técnicos e seus responsáveis são indispensáveis para calcular não só o preço das tarifas, mas também para sabermos exatamente o que iremos pagar”, alertou o parlamentar, que é presidente da frente.