Palocci recebeu 5 parcelas de auxílio emergencial. Ex-ministro petista alega fraude
Ex-ministro tem dívidas acumuladas e segue com os bens bloqueados judicialmente, mas ele nega ter pedido o benefício. Valor foi devolvido
O nome do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antônio Palocci Filho, de 60 anos, está entre os beneficiários do auxílio emergencial.
O Metrópoles apurou junto ao Portal da Transparência e ao site da Dataprev que o ex-ministro dos governos petistas de Lula e Dilma recebeu cinco parcelas de R$ 600, entre julho e novembro do ano passado.
Os valores, no entanto, foram devolvidos à União. O Ministério da Cidadania abriu essa possibilidade para que brasileiros que identifiquem ter sido beneficiados de forma irregular devolvam, voluntariamente, o auxílio emergencial depositado.
Os sites mostram também que Palocci foi enquadrado como “Extracad”. Isso significa que o ex-ministro não consta no Cadastro Único (CadÚnico) do governo federal e, portanto, alguém pediu o benefício por meio do aplicativo da Caixa.
Ao Metrópoles, o advogado Tracy Reinaldet, defensor de Palocci, afirmou que o cliente foi “alvo de uma fraude por um terceiro que se apropriou de seus dados”. Ao longo dos últimos meses, a Polícia Federal (PF) realizou uma série de operações para investigar suspeitos de fraudarem o benefício. Uma vez que os dados pessoais de Palocci, assim como de outras pessoas politicamente expostas, são facilmente encontrados na internet, isso se torna mais fácil ainda.
“Ele jamais recebeu auxílio emergencial e, tão logo soube da fraude, registrou a ocorrência perante a autoridade policial”, complementou. O boletim de ocorrência foi feito no fim da tarde desta quarta-feira (1º/9) junto à Polícia Civil de São Paulo (PCSP), após o Metrópoles entrar em contato com a defesa.
A extensão do auxílio foi negada, porém, pois o governo identificou que Palocci teve rendimentos tributáveis acima de R$ 28.559,70 em 2019 e tinha posse ou propriedade de bens ou direitos de valor total superior a R$ 300 mil.
Palocci foi condenado, em junho de 2017, pelo então juiz federal Sergio Moro por corrupção e lavagem de dinheiro, no âmbito da operação Lava Jato. A condenação inicial foi de 12 anos e dois meses, mas em 2018 o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) reduziu a pena para nove anos e 10 meses.
Reportagem publicada pelo jornal Valor Econômico em janeiro deste ano revela que, com dívidas acumuladas, Palocci tem o nome protestado em cartórios. Uma das pendências financeiras envolve o não pagamento de uma conta de celular no valor de R$ 199,63. Um dos apartamentos dele, em São Paulo, também teria condomínios e o IPTU em atraso.
O Metrópoles confirmou que o ex-ministro petista segue com os bens bloqueados judicialmente. “Mas, obviamente, em hipótese alguma, isso o faria pleitear o auxílio emergencial”, assinalou o advogado de Palocci.
Leia a íntegra da nota enviada pelo advogado Tracy Reinaldet:
“Chegou ao conhecimento da defesa que o canal do Ministério da Cidadania para a consulta ao auxílio emergencial acusa o recebimento do benefício por Antônio Palocci Filho em 2020. Como milhares de outros brasileiros, Palocci foi vítima de uma fraude por um terceiro que se apropriou de seus dados. Ele jamais recebeu auxílio emergencial e, tão logo soube da fraude, registrou a ocorrência perante a autoridade policial.”