O popular tênis de praia é uma modalidade esportiva de longa tradição no Brasil, mas agora virou uma febre nas cidades, principalmente em São Paulo, onde o jogo atrai cada vez mais adeptos e se multiplicam as quadras exclusivas
A cidade de São Paulo já foi caracterizada como “selva de pedra” devido à quantidade de arranha céus que moldam sua paisagem. Entretanto, dentro da cinzenta metrópole criam-se alternativas agradáveis de diversão. Melhor, a nova praia dos paulistanos é a quadra de areia de beach tennis ou tênis de praia. Modalidade esportiva de fácil adesão e democrática tem basicamente as mesmas regras do tênis tradicional. Os praticantes e instrutores afirmam que não é necessária experiência ou habilidade para começar a jogar, basta inscrever-se em academias e clubes poliesportivos, grandes e pequenos, que estão abrindo quadras de areia praticamente todos os dias. Para se ter ideia do tamanho do interesse que o esporte desperta entre os paulistanos, apenas em agosto, foram abertas 70 quadras exclusivas para categoria na cidade. Além de ser uma atividade esportiva de qualidade para pessoas de qualquer idade, o tênis de praia, aperfeiçoamento do popular frescobol, cuja invenção é atribuída ao escritor Millôr Fernandes, é uma divertida opção de entretenimento.
Para esquecer da política
Um local onde a nova atividade prospera é o Anália Beach, no bairro do Tatuapé. A estrutura fica dentro do clube Sete de Setembro e há três quadras de areia disponíveis. “Venho aqui para desestressar e socializar”, diz o comerciante Carlos Eduardo, 54. Ao caminhar pela calçada que dá acesso às quadras é perceptível o clima festivo que toma conta do lugar. Crianças fazendo castelos de areia com a ajuda dos pais, jogadores consumindo comidas saudáveis e litros de água gelada para aliviar o calor. Quem chega à arena, cumprimenta as outras pessoas presentes como se fossem parentes. “Vamos passar o dia aqui, esse é o nosso point. Colocamos o papo em dia, almoçamos e jogamos juntas”, conta a engenheira civil Eduarda Barreto, 30, que divide descontraidamente a mesa e a quadra com as amigas, a produtora de eventos Allana Seba, 32, e a bancária Silvia Fusco, de 33 anos. A data da comemoração da Independência foi de alta efervescência política, mas a turma do beach tennis não estava nem um pouco preocupada com o que acontecia fora das quadras. “Aqui é o nosso local de alívio da política e da pandemia”, disse o empresário Nivaldo Brito, de 55 anos, que acabava de disputar uma partida ao lado do filho, Enzo, 16, que, como outros jovens da mesma idade, sonha em ser profissional de beach tennis.
O investimento para a criação de um negócio de beach tennis varia entre R$ 600 mil e R$ 1 milhão, dependendo da localidade e do tipo de areia escolhida. No caso do Anália Beach, a areia não esquenta. O tipo de iluminação colocada também pode encarecer o negócio. “Temos 250 jogadores e a procura só aumenta”, conta Flávio Sarpi, dono do local. Além do tênis de areia, o futevôlei e o vôlei de praia também podem ser praticados. Apesar de o jogo ser realizado em um espaço ao ar livre, a pandemia comprometeu a prática esportiva, que só começou a se recuperar com a ampliação da vacinação em São Paulo. O complexo praiano Posto 11, em Santana, por exemplo, passou de dois para cinco unidades em 2021. Além disso, houve um crescimento de 400% no número de alunos de tênis de areia. “O beach tennis foi a modalidade que mais cresceu proporcionalmente no Posto 11”, afirma Gabriel Cunha, dono do clube. “Antes da pandemia, a modalidade representava 5% entre os nossos alunos e hoje já alcança 29%.”
Em todo o mundo há algo em torno de um milhão e meio de atletas. No Brasil, inscritos na Confederação Brasileira de Beach Tennis (CBBT), existem aproximadamente 200 mil jogadores. Quanto aos espaços para a prática, em todo o estado de São Paulo, há 700 quadras de beach tennis. Na capital, há mais de 250. “Só em agosto, foram abertas setenta quadras de beach tennis na cidade”, afirma Jorge Bierrenbach, diretor executivo da CBBT e supervisor da IFBT na América do Sul. O dirigente conta que a entidade tem dezessete federações espalhadas pelo País e que o campeonato brasileiro da modalidade vai acontecer entre os dias 2 e 5 de dezembro, em Porto Seguro, na Bahia. “O Brasil é uma potência em beach tennis e, no ano que vem, teremos, pelo menos cem torneios”, diz.