O sono do bebê é um dos fatores que mais podem afetar o dia a dia de todos na casa. Se o filho não dorme, dificilmente mãe ou pai conseguem dormir.
Por isso, desde os primeiros dias de vida é importante manter uma espécie de ritual, que ajuda a criança a acostumar a ter um sono tranquilo. Porém, esse hábito deve ser algo prazeroso e leve – e não uma obrigação penosa.
O sono de um bebê não é igual ao sono de uma criança um pouco mais velha e, tampouco, ao de um adulto, como explica a pediatra Maria Gabriela Garbelini Galerani, credenciada da Paraná Clínicas/SulAmérica. Os ciclos de sono deles são mais leves e eles precisam de ajuda para voltar a dormir quando despertam. “Adulto também acorda à noite, mas nós deitamos e dormimos de novo. O bebê não consegue unir um ciclo ao outro. É a hora em que ele chora”, diz ela.
É por esse motivo que a pediatra orienta as mães a não deixarem o filho chorar durante a noite e é contra o desmame noturno. De acordo com Maria Gabriela, o leite materno muda no decorrer do dia e, durante a noite, produz mais melatonina, o hormônio do sono. “Dormir mamando não é associação negativa do sono. A mãe que faz o bebê pegar no sono dormindo não está errada”, reforça.
O mais importante é conseguir manter uma rotina. Fazer a criança dormir mais ou menos no mesmo horário sempre é o mais indicado para garantir uma noite tranquila. “O cérebro humano encontra grande conforto na rotina e a gente descansa. Saber como vai ser o dia traz certa previsibilidade e aconchego”, afirma a médica. Ela também avisa que quanto melhores forem as sonecas durante o dia, melhor será o sono do bebê à noite.
5 passos
Ana Paula Franz, educadora parental em sono infantil e disciplina positiva, concorda que a rotina é o melhor caminho para quem tem bebês em casa. Para ela, manter um ritual também facilita esse processo e auxilia o bebê a entender que a hora de dormir está chegando. “A criança aprende tudo por associações e o ritual é uma sequência de ações que faz com que a criança as associe ao momento de dormir”, aponta.
A educadora ressalta que cada família deve se adaptar à própria realidade e dá um exemplo de como fazer:
- Ser muito simples e prático, já que é algo que deve ser repetido diariamente, não importa onde a família esteja. Algo como dar um banho, colocar um pijama, amamentar e colocar para dormir.
- Durar, em média, de 30 a 40 minutos para não tomar tempo demais dos adultos responsáveis pelo processo.
- Diminuir o ritmo da casa quando o ritual começar para que esse momento seja calmo e tranquilo. A orientação é falar mais baixo e ir diminuindo as luzes conforme o dia vai escurecendo.
- Apagar totalmente as luzes do quarto do bebê porque a melatonina, produzida durante o sono, é muito sensível à luz, inclusive de aparelhos eletrônicos.
- Não abrir brechas nos dias em que a preguiça falar mais alto.
“Criança se desorganiza rapidamente e a mudança da ordem do ritual pode desorganizar completamente o processo”, argumenta Ana Paula. Obviamente há dias em que a família não consegue fazer exatamente a mesma coisa porque a flexibilização também faz parte da vida. A educadora destaca que nesses dias é preciso sinalizar que a programação vai mudar e fazer pequenas adaptações.
Maria Gabriela recomenda que a vida da família não gire em torno do bebê e que ninguém deixe de fazer algo para iniciar, religiosamente, com horário rígido e tempo cronometrado, a rotina do sono. “O principal é o que faz sentido para a família. Tem que ser natural, não algo imposto”, conclui.