Ciência revela que tipo de corpo é o ideal e mais atrativo
Estudo analisou mulheres de mais de 20 etnias e explicou por que corpos, como os das modelos de passarela, não podem ser vistos como ideais estéticos
Normalmente, quando uma mulher fala a respeito de sua imagem pessoal revela insatisfação com alguma característica do próprio corpo. Essa afirmação não é minha, ela vem de pesquisas que provam que a maioria das queixas femininas está ligada ao peso e à aparência.
Se essa explosão de pensamentos ruins já era frequente na frente do espelho, se tornou ainda pior com a ascensão das redes sociais e da exposição. O problema é que todo o excesso de autocrítica traz insegurança, problemas emocionais, alimentares, desânimo, mau humor e timidez. Mas, um estudo desmitificou a cultura da magreza imposta pela sociedade.
O que você vai ler agora talvez te faça parar de acessar sites ou revistas que prometem dicas “milagrosas” para alcançar um corpo magérrimo. Apesar do emagrecimento ter se tornado uma obsessão para muitas, é totalmente errado pensar que ser magra é sinônimo de beleza, saúde e atração.
Após analisar mulheres de mais de 20 grupos étnicos, pesquisadores da Universidade do Texas, em Austin, nos Estados Unidos, concluíram que se existe um tipo de corpo ideal para mulheres ele não é nada parecido com o corpo das modelos de passarela, ou seja, tem muito mais a ver com a distribuição específica da gordura corporal em formato de ampulheta, analisada pela relação cintura-quadril (RCQ).
A pesquisa considerou fatores como medidas corporais (pernas e quadris), idade, rosto, lábios, nariz e cabelo. O perfil corporal da atriz e modelo britânica, Kelly Brook, representa esse padrão. “A evidência desse estudo destrói o mito de que a beleza está em constante mudança e é superficial. O julgamento de atratividade com base em números definidos pela relação cintura-quadril é um fenômeno robusto e evidente em várias culturas”, comentou o autor do estudo, o Dr. Devendra Singh.
A conclusão é importante para desconstruir padrões de beleza que apontam que apenas as mulheres magras são atraentes. Entendendo isso, muitas vão evitar procedimentos estéticos excessivos e dietas radicais que trazem riscos à saúde.
Atração e fertilidade
Outro ponto interessante do estudo é que, desde a nossa origem, o que consideramos belo são características que refletem saúde. “Apresentei dados para estabelecer que o fascínio da figura da ampulheta é ‘programado’ na mente humana porque fornece informações biológicas importantes sobre o estado de saúde e da fertilidade de uma mulher”, acrescentou o Dr. Devendra Singh.
Isso porque beleza, no sentido científico da palavra, está relacionada aos instintos.
“Um corpo com quadris e seios maiores (figura de ampulheta) é basicamente um sinal biológico para os homens. Quadris maiores sinalizam que a mulher tem espaço suficiente para carregar um bebê em desenvolvimento, bem como força para empurrá-lo para fora. Muito interessante! Não é de admirar que as mulheres tenham uma tolerância à dor maior do que os homens”, analisou a escritora especialista em moda e beleza, Amanda Lauren.
Cabides humanos
Aos 13 anos eu, assim como muitas outras meninas, fui vítima de matérias que vendiam a ideia de que corpo perfeito é aquele que enxergamos nossos próprios ossos. Na época, envolvida por esse pensamento, fiz dietas radicais sem acompanhamento e, assim, desenvolvi anorexia e bulimia.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que ao menos 1% da população mundial possui uma dessas duas doenças. Parece futilidade, mas não é. Elas estão entre os transtornos alimentares que atingem cerca de 4,7% da população brasileira (durante a adolescência esse índice pode subir para 10%).
Isso porque muitas mulheres acreditam que se forem extremamente magras serão mais bonitas, aceitas e receberão mais curtidas nas redes.
Atualmente, por conta do culto exagerado ao corpo, limites cada vez mais confusos separam o que é normal e o que é patológico. Uma simples dieta pode sutilmente servir de gatilho para uma doença. O desejo de se sentir bem e bonita (o) pode sorrateiramente virar uma obsessão.
E, apesar do estudo mostrar que beleza não tem nada a ver com magreza, esse pensamento é incentivado todos os dias por agências de modelos, revistas, programas, postagens de influencers etc.
Embora o corpo de Brook tenha sido apontado como ideal, a agência de modelos chegou a sugerir que ela perdesse peso. A cineasta Jennifer Lee, que já trabalhou com Karl Lagerfeld, o lendário diretor artístico da Chanel, afirmou que isso acontece porque as modelos “devem vender roupas e não transmitir a imagem de fertilidade e potencial para engravidar”. “Os designers escolhem modelos que podem servir como ‘cabides de roupas’ e podem mostrar as linhas e a estrutura das peças que vestem”, explicou.
Novos pensamentos = novas atitudes
Por isso, apesar da sociedade viver um momento em que histórias de pessoas que perderam muitos quilos e que hoje têm corpos magérrimos são vendidas como fontes de inspiração e motivação, é preciso tomar cuidado.
O melhor caminho para ter um corpo saudável é primeiramente cuidar do interior. Quem se ama tem equilíbrio. E tanto a aparência quanto a alimentação diária devem refletir essa valorização.