Regiões agrícolas da Argentina e do Sul do Brasil recebem até 30% menos chuvas do que o normal
Aumentou a probabilidade de “La Niña” de 67% para 70% para o próximo verão do Hemisfério Sul, segundo o novo relatório semanal da NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos). Se confirmada a ocorrência, seria o segundo ano consecutivo desse fenômeno climático que altera o regime de chuvas e clima – um fato raro.
De acordo com informe da Bolsa de Valores de Rosário (BCR), nos últimos 35 anos essa repetição de La Niña consecutiva ocorreu apenas três vezes: nas temporadas 2008/2009, 2011/2012 e 2017/18. “Foram três das piores campanhas de soja e milho da Argentina”, destacam os vizinhos.
Passadas duas semanas desde a publicação do último índice ONI (Oceanic Niño Index), a NOAA deixa claro que há uma tendência firme para a instalação de La Niña, principalmente entre os meses de novembro de 2021 a fevereiro 2022. A dúvida que ainda existe é em torno de qual será a intensidade do evento.
Nos anos de ocorrência do La Niña, as regiões agrícolas da Argentina e do Sul do Brasil recebem até 30% menos chuvas do que o normal. Na Argentina, por exemplo, a soja teve quebra de até 38%, enquanto para o milho os rendimentos baixaram consideravelmente.
O relatório da BCR acrescenta que os sinais de mau tempo no atual inverno do Brasil e da Argentina são indicadores de dificuldade. De acordo com José Luis Aiello, Dr. em Ciências Atmosféricas, o “nível de seca é extraordinário, é um dos mais importantes que já vimos”.
“Está tendo um impacto como nunca antes no abastecimento de água para a população e nos níveis de energia. As barragens estão funcionando em níveis bem abaixo do normal e isso se reflete nos problemas com o rio Paraná. Essa seca tem poucas chances de se reverter até pelo menos novembro. A administração brasileira de alarmes ambientais não vê respostas favoráveis nos modelos climáticos. A situação é muito incerta”, conclui.