Qual a diferença entre as vacinas aplicadas no Paraná? As pessoas podem escolher qual vacina tomar? A vacina tem efeitos colaterais? O que ocorre se a pessoa não tomar a segunda dose no intervalo estipulado? A Secretaria de Estado da Saúde responde essas e mais perguntas sobre a vacinação contra a Covid-19.
No dia 3 de fevereiro de 2020, o Ministério da Saúde declarou a Covid-19 como uma emergência de saúde pública de importância nacional. O Brasil confirmou o primeiro caso no dia 26 do mesmo mês, em São Paulo. Alguns dias depois, o Paraná teve os primeiros seis casos da doença, divulgados, em 12 de março, um dia depois da Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar situação de pandemia.
Dentro deste cenário, o Ministério da Saúde considera que “uma vacina eficaz e segura é reconhecida como uma solução em potencial para o controle da pandemia, aliada à manutenção das medidas de prevenção já estabelecidas”. Reconhece, portanto, o esforço internacional de luta por vacinas eficazes, eficientes e seguras, dentro da necessidade de proteção da coletividade.
Segundo o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19 (PNO), até o dia 12 de março de 2021, a OMS relatou 182 vacinas em fase pré-clínica de pesquisa e 81 em fase de pesquisa clínica. Dentre as vacinas em estudos clínicos, 21 estão na fase III de ensaios clínicos para avaliação de eficácia e segurança, a última etapa antes da aprovação pelas agências reguladoras e posterior imunização da população.
Até o momento, foram aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com condicionantes específicas, a CoronaVac,vacina adsorvida inativada, fabricada pela Sinovac (China) e Instituto Butantan (Brasil); AstraZeneca, vacina recombinante, fabricada pela AstraZeneca, Oxford e Fiocruz; Pfizer,vacina RNA mensageiro (RNAm), fabricada pela Pfizer e BioNTech; Janssen, vacina recombinante, fabricada pela Janssen-Cilag, braço farmacêutico da Johnson & Johnson; Sputnik V, vacina recombinante, fabricada pelo Instituto Gamaleya (Rússia); e Covaxin, vacina adsorvida inativada, fabricada pela Bharat Biotech (Índia).
Até o momento, as vacinas distribuídas ao Paraná, que segue o PNI, foram CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer. O Ministério da Saúde recebeu nesta terça-feira (22) 1,5 milhão de doses da vacina da Janssen e o Estado deve receber o quantitativo proporcional dos imunizantes nos próximos dias, incluindo um quarto laboratório ao seu portfólio.
Diante do avanço do programa de imunização, que já alcançou quase 4 milhões de paranaenses, e da oferta de imunizantes, que chegam ao Paraná conforme recebimento pelo governo federal, sem regra específica, o diretor-geral da Secretaria de Estado da Saúde, Nestor Werner Junior, esclarece as principais dúvidas sobre as vacinas contra a Covid-19 disponíveis no Paraná. Lembrando que o Estado quer imunizar todos os adultos até o final de setembro.
Qual a diferença entre as vacinas aplicadas no Paraná?
Cada vacina é produzida com uma tecnologia para produção de anticorpos. A CoronaVac utiliza o vírus inativado, ou seja, não possuem capacidade de replicação. O vírus é inativado por procedimentos físicos ou químicos, de modo que evite o desenvolvimento da doença, mas gera uma resposta imune. O esquema vacinal é realizado com duas doses e no Estado do Paraná tem sido orientado o intervalo de 25 dias entre elas.
A AstraZeneca recorre ao vetor viral, o adenovírus, que é modificado geneticamente e codifica a produção da proteína antigênica “S” do Sars-CoV-2. Ou seja, o vírus recombinante funciona como um transportador do material genético do vírus alvo, sendo um vetor inócuo, incapaz de causar doença. A vacinação também é realizada com duas doses, com intervalo entre elas de 12 semanas.
Já a Pfizer se vale do RNA mensageiro que dá comandos ao organismo para produzir proteínas presentes no coronavírus, estimulando o sistema imune a responder. Assim como a AstraZeneca, a Pfizer precisa de duas doses para imunização completa, com intervalo de 12 semanas entre as aplicações.
Qual vacina é mais segura e eficaz? É possível fazer distinção?
Todas as vacinas são seguras e eficazes. Independente da tecnologia utilizada, esses imunizantes foram testados, tiveram sua eficácia comprovada por meio de estudos, avaliados e reavaliados por cientistas, e são aplicados em larga escala no mundo todo. No Paraná, os primeiros estudos próprios da Secretaria de Estado da Saúde apontam que as vacinas já auxiliaram a reduzir o internamento de idosos em leitos de UTI e acabar com surtos em Instituições de Longa Permanência para Idosos.
As pessoas podem escolher qual vacina tomar?
Não. A necessidade dos imunizantes ainda é intensa não só no Brasil, mas em diversos países em todo o mundo. Se a pessoa se encaixa em um dos grupos prioritários ou na faixa etária em atendimento no seu município, deve se vacinar. Também não é momento de aguardar a entrega de um ou outro fabricante porque a vacinação requer urgência e senso coletivo.
E se a pessoa chegar na fila e se recusar a tomar porque quer outra vacina?
A recomendação da Secretaria de Estado da Saúde é de que a pessoa não recuse, mas, caso haja insistência por outra vacina, a orientação é de seguir exemplo de alguns municípios paranaenses, como Nova Tebas, que solicita ao cidadão a assinatura de um termo de recusa.
A vacina tem efeitos colaterais?
Importante ressaltar que as vacinas são muito seguras e que cada pessoa reage de forma distinta, seja por questões genéticas ou outras variáveis. Algumas pessoas podem sentir efeitos colaterais leves, como dor no local da injeção, dores musculares ou febre, mas eles passam rapidamente. Esses efeitos colaterais são resultado da resposta do sistema imunitário à vacina. Existem casos de pessoas que não apresentam nenhuma reação adversa após tomar a mesma vacina.
Por que a vacinação começou por grupos prioritários?
O objetivo principal da vacinação, com a definição dos grupos prioritários, foi focar na redução da morbimortalidade causada pela Covid-19, bem como a manutenção do funcionamento da força de trabalho dos serviços de saúde e a manutenção do funcionamento dos serviços essenciais.
O PNO considera que devido à transmissibilidade da Covid-19, cerca de 60% a 70% da população precisaria estar imune para interromper a circulação do vírus. Também orienta que, neste momento, o objetivo principal da vacinação passa a ser focado na redução da morbimortalidade causada pela doença e na proteção da força de trabalho.
Após tomar a vacina, em quanto tempo a pessoa pode se considerar protegida?
Depende do imunizante. Os estudos demonstraram que a CoronaVac apresentou melhor eficácia após aplicação das duas doses no intervalo de duas a quatro semanas. A AstraZeneca apresentou eficácia maior nos estudos após 28 dias da segunda dose e a Pfizer, demonstrou maior eficácia, sete dias após a aplicação da segunda dose.
Vale lembrar que, diante do atual cenário de transmissão comunitária da Covid-19, é importante compreender que a vacinação não produz uma resposta imediata para conter a circulação do vírus, mas é uma medida preventiva para reduzir a ocorrência de casos graves e óbitos a médio e longo prazo. E, com isto, é fundamental manter as medidas não farmacológicas de prevenção à transmissão do vírus, como uso de máscaras, distanciamento social, etiqueta respiratória, higienização das mãos, dos objetos de uso pessoal, entre outras.
A vacinação contra a Covid-19 será necessária todos os anos, como a da gripe?
Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), até o momento as pesquisas para determinar a duração da imunidade conferida pelas vacinas contra a Covid-19 seguem em andamento. Ou seja, essa ainda é uma pergunta sem resposta.
O que ocorre se a pessoa não tomar a segunda dose no intervalo estipulado?
Recomenda-se seguir o intervalo estipulado pelos fabricantes para garantir a eficácia da vacina. Caso ocorra atraso, a pessoa deve procurar o posto de saúde com a carteirinha de vacinação que comprove a aplicação da primeira dose e solicitar a segunda dose. Não é orientado reiniciar o esquema vacinal.
Quem está com sintomas gripais pode tomar a vacina?
A pessoa que apresentar sintomas gripais, doenças febris agudas ou alguma suspeita de Covid-19 deve adiar a vacinação até a recuperação clinica completa, com intervalo de pelo menos quatro semanas após o início dos sintomas.
E se a pessoa estiver com Covid-19, não souber por estar assintomática, e tomar a vacina?
Até o momento não foram identificados problemas entre pessoas infectadas e assintomáticas e a imunização com qualquer uma das vacinas.
É possível tomar vacina de fabricantes diferentes?
Não. A orientação do Ministério da Saúde é de que o esquema vacinal deve ser completado com duas doses do mesmo laboratório responsável pelo imunizante.
O que acontece se a pessoa receber vacinas diferentes contra a Covid-19 entre a primeira e segunda dose?
O Ministério da Saúde recomenda que, se o intervalo entre a primeira e a segunda dose for menor do que 14 dias, deve-se tomar uma terceira dose do mesmo laboratório que a primeira para completar o esquema vacinal, considerando que neste período a segunda dose não tenha nenhum tipo de efetividade. Após este prazo, caso a pessoa receba vacinas trocadas, a orientação é que o município notifique como um erro de imunização e acompanhe com relação ao desenvolvimento de eventos adversos e falhas vacinais. Essas pessoas não poderão ser considerados como devidamente imunizadas, no entanto, neste momento, não se recomenda a administração de doses adicionais de vacinas Covid-19.
Quem tomou vacina para outra doença pode tomar a vacina contra a Covid-19?
Deve ser mantido um intervalo mínimo de 14 dias entre as vacinas contra a Covid-19 e as demais vacinas do Calendário Nacional de Vacinação.
A vacina garante imunidade ao vírus?
Não. A infecção pelo vírus pode ocorrer mesmo após a imunização, seja com uma ou duas doses. A vacina auxilia na produção de anticorpos para que a pessoa não desenvolva as formas graves da doença.
Quanto tempo dura a imunidade da vacina contra a Covid-19?
Ainda não há como estimar.
Quem já teve Covid-19 deve se vacinar?
Sim. O surgimento das variantes do vírus Sars-CoV-2 aumentam a chance de reinfecção da doença. Portanto a imunização por meio da vacina é indispensável.
O que fazer nos casos em que a pessoa pegou o vírus entre a primeira e a segunda dose?
O Ministério da Saúde recomenda que o esquema vacinal deve ser completado mesmo em casos de infecção pelo vírus entre as doses, desde que siga o prazo de quatro semanas após o início dos sintomas. Nos casos onde a primeira e segunda dose possuem prazos menores do que um mês, como com a CoronaVac, por exemplo, caso a pessoa pegue o vírus após a primeira dose, ela deve aguardar o prazo de quatro semanas e tomar a segunda dose, mesmo com atraso. O mais importante é que as pessoas não deixem de tomar a segunda dose, porque ela é tão importante quanto a primeira.
Depois de tomar a vacina, pode parar de usar a máscara?
Não. Além do uso de máscaras ser obrigatório em ambientes coletivos conforme a Lei 20.189/20, a utilização deste material pode evitar a contaminação e a disseminação do vírus, protegendo a pessoa que usa tanto de transmitir quanto de se infectar. Assim como devem ser seguidas as outras medidas não farmacológicas.
Da AEN