Apesar da ciência ainda não ter respostas definitivas para a pergunta, as últimas descobertas são animadoras
O Brasil já bateu a triste marca dos 509 mil mortos pela Covid-19 até o fim desta quinta-feira (24). Apesar da campanha de vacinação estar avançando, o ritmo ainda permanece lento e não consegue frear a disseminação do vírus. No entanto, uma dúvida que começou a surgir nas últimas semanas e tem tomado conta de algumas discussões entre especialistas é: quanto tempo vai durar nossa imunidade depois de tomar a vacina?
A ciência ainda não tem uma resposta concreta e baseada em evidências, já que o SARS-CoV-2 – vírus causador da Covid-19 – ainda é relativamente novo e altamente mutável. Especialistas apontam que com o surgimento de novas variantes do coronavírus, será preciso adaptar as vacinas de forma a acompanhar as possíveis mudanças da doença no corpo humano.
Apesar desse cenário, é consenso entre autoridades de saúde que compreender melhor o funcionamento do sistema imunológico é a chave para combater a pandemia. A resposta primária de uma vacina nova que está entrando no corpo pode levar dias. Nesse meio tempo, ainda é possível infectar e ficar doente pela Covid-19. Enquanto estamos contaminados são geradas células de memória, que armazenam a informação de como combater, no caso, o vírus. Na resposta secundária, há a ativação dessas células de memória, que é o princípio básico de funcionamento da vacina.
O que a ciência sabe sobre a duração da imunidade?
A Banda B conversou com a médica intensivista da UTI Covid do Hospital Marcelino Champagnat, Dra. Karen Moura para conhecer mais detalhes sobre a questão. De acordo com a especialista, a ciência sabe que algumas vacinas possuem uma porcentagem melhor de imunidade, no entanto, por conta das constantes mudanças do vírus, acredita-se que os imunizantes contra a Covid-19 devem ser tomados anualmente.
“A gente vai precisar dessa imunidade todos os anos, igual vem sendo com a vacina da gripe e outra vacinas que a gente vem tomando ao longo da nossa vida”, diz
Na resposta primária que é oferecida pela vacinação, o potencial que o sistema imunológico poderia ser capaz de atingir não chega a 100%, por isso, o ser humano está exposto a infecções mesmo depois de parcialmente imunizado. A vacina é capaz de gerar células de memória capazes de controlar o patógeno caso venha a ocorrer uma infecção por contágio.
Karen alerta para a necessidade de se aprimorar os resultados das vacinas para que, se necessário, sejam adaptadas a possíveis variantes do coronavírus que possam surgir anualmente. Além disso, a médica destaca que quem pegou a Covid-19 não terá uma imunidade permanente para a doença, muito pelo contrário, a resposta imune se reduz ao longo do tempo.
“A imunidade não é permanente, mesmo na pessoa que se contamina. Em dois a três meses, a taxa de imunidade dela vai diminuir”, afirma
Hospitalizações de pessoas vacinadas
Karen ressalta que é preciso dar um tempo para que o organismo dê uma resposta imune para a vacinação. Segundo ela, a memória contra a Covid-19 pode não ser muito potente ao longo do tempo, por isso a imunização de tempos em tempos será necessária.
A história mostra que existem quatro coronavírus que causam cerca de 20% dos resfriados comuns. Ademais, eles também podem ser causadores de duas outras doenças graves: a SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave, que apareceu em 2003) e a MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio, que surgiu em 2012).
Segundo a especialista, existem pacientes que tomaram duas doses de vacinas consideradas como eficazes contra a Covid-19. Contudo, Karen destaca que a resposta dos pacientes em relação seria ainda mais grave caso eles não tivessem tomado os imunizastes.
“É importante que a gente vacine logo a população, diminua o volume de pessoas circulando para que dai sim a gente consiga diminuir a taxa de circulação do vírus”, destaca
Vacinas são eficazes contra as novas cepas?
De acordo com os atuais estudos em andamento, Karen afirma que as vacinas já em uso no Brasil como Pfizer, AstraZeneca e Coronavac são eficazes para combater as novas variantes da Covid-19. No entanto, ela ressalta que a preocupação está com as variantes que virão no futuro. “É preciso diminuir a taxa de circulação até pensando em menor risco de mutação desse vírus futuramente”, afirma.
Assista a entrevista da Banda B
Da Banda B