A APP-Sindicato, que representa professores e funcionários das escolas estaduais e municipais de mais de 200 cidades, declarou nesta terça (4) que não é favorável ao retorno presencial das aulas neste momento. O governador Ratinho Jr anunciou também nesta terça o retorno gradativo das aulas presenciais na rede estadual a partir da próxima segunda (10). Se o governo insistir na proposta, a categoria pode entrar em greve, segundo a assessoria de imprensa da APP. Devido à pandemia de coronavírus, as aulas presenciais estão suspensas nas escolas estaduais desde março de 2020.
O sindicato alega que não há condições estruturais nas escolas para qualquer retorno, que faltam profissionais para o devido acompanhamento dos estudantes por causa da demissão de 8 mil funcionários e que os dados mostram que a pandemia não acabou, pelo contrário, os casos estão estabilizados em um patamar ainda muito alto. Segundo a APP, o retorno das aulas presenciais culminará na circulação de cerca de um milhão de estudantes (somente da rede estadual) e 120 mil profissionais, o que aumentar a contaminação por covid-19. A APP também lembra que o governo havia anunciado que as aulas só seriam retomadas quando os professores fossem vacinados contra a Covid-19, o que ainda não aconteceu, apesar de a categoria ter sido incluída nos grupos prioritáros.
O sindicato ouviu especialistas e pesquisadores que apontam não haver tendência de queda nos números da pandemia e que, por conta da vacinação estar em um ritmo ainda muito lento, há uma tendência de surgimento de outras variantes do vírus ainda mais resistentes.
“Não há protocolo seguro para retorno das aulas”, afirmou Lucas Ferrante, pesquisador do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – ligado à FIOCRUZ). Ele afirma que ainda não é o momento dessa retomada e que, caso o governo insista nisso, as consequências serão o aumento do número de casos e de mortes em um curto espaço de tempo. O INPA previu, através de cálculos estatísticos com dados da pandemia, o caos em Manaus e também orientou a Prefeitura de Curitiba no auge do colapso em março. A APP-Sindicato solicitou ao INPA uma matriz de dados sobre a pandemia em 10 regiões do Paraná e apresentará o resultado desta pesquisa nesta quarta (05), às 10 horas, em uma coletiva de imprensa com a participação de Lucas Ferrante.
Do Bem Paraná