Beto Preto usa números para demonstrar a empresários a gravidade da Covid-19 no Paraná
O secretário estadual de Saúde, Beto Preto, e o diretor de Gestão em Saúde da Sesa, Vinícius Filipak, participaram de um encontro virtual com empresários paranaenses na noite desta terça-feira (16). Na reunião, os representantes da Saúde mostraram em números o quão grave está a situação atual da pandemia da Covid-19 no Paraná, classificada pelo secretário como “o pior momento da saúde pública dos últimos 100 anos”. Horas antes do encontro, o Paraná havia confirmado 310 mortes causadas pela doença, o recorde até então na pandemia.
Ao todo, 1.357 pessoas aguardavam por um leito nas unidades de saúde do Paraná nesta terça-feira; destas, 716 precisam ser internadas em leitos de UTI. Para Beto Preto, os números são um reflexo da maior presença da variante brasileira amazônica P1, tratada pelo secretário como uma “nova Covid” pela forma mais rápida de transmissão e pelos maiores danos causados nos pacientes.
“O Paraná tem aproximadamente 8 mil leitos gerais. Destes, 5 mil estão sendo ocupados por pacientes de uma única patologia. Nós nunca imaginamos uma situação como essa, nunca vimos nada parecido”, apontou o secretário, lembrando que esta nova cepa já é predominante em circulação no Paraná segundo levantamento feito pela Fiocruz.
O diretor de Gestão em Saúde da Sesa apresentou dados ainda mais alarmantes. Metade dos pacientes com casos mais graves de Covid-19, os que precisam de internação em UTI, acabam morrendo. Essa mortalidade chega a mais de 70% se a internação nas unidades de tratamento intensivo demorar mais de 24 horas. Infelizmente, aponta Filipak, esta está sendo a realidade de 3 em cada 10 pacientes graves de Covid-19 no Paraná.
“De todas as pessoas que dão entrada no sistema de Saúde e precisam de internação, 70% são internadas em até 24 horas. Isso é essencial para que o risco de morte não aumente, mas infelizmente os outros 30% dos pacientes estão ficando acumulados para internamento no dia seguinte”, disse.
O que leva a um dado classificado como chocante pelo diretor: nos 16 dias de março, 523 pessoas morreram no Paraná depois de darem entrada no sistema de Saúde, mas antes de conseguirem um leito. O número é maior do que o acumulado entre os meses de novembro de 2020 a fevereiro de 2021.
O Paraná tem aproximadamente 8 mil leitos gerais. Destes, 5 mil estão sendo ocupados por pacientes de uma única patologia. Nós nunca imaginamos uma situação como essa, nunca vimos nada parecido
Beto Preto, secretário de Saúde do Paraná
Os empresários presentes ao encontro apresentaram aos representantes da Sesa o resultado de doações feitas pelo grupo para a compra de respiradores e monitores para UTI. Ao todo, foram arrecadados mais de R$ 4 milhões, que serão direcionados para a compra dos equipamentos a serem doados aos hospitais do Paraná.
Secretário pede ajuda com medicamentos
Beto Preto agradeceu a doação, e pediu aos representantes da iniciativa privada uma ajuda para a viabilização da compra dos medicamentos utilizados na sedação de pacientes intubados. Ele afirma que a situação chegou ao limite, tanto do mercado quanto da burocracia para as aquisições a serem feitas dentro da lei.
“A legislação que facilitava as compras deixou de valer em 31 de dezembro de 2020. Agora temos que seguir pelos trâmites normais das licitações, o que faz com que uma compra leve 40, 90 dias. Tem remédios que antes da pandemia custavam R$ 4 a ampola. Esse preço chegou a R$ 60, e agora está em torno de R$ 12 a ampola. Se for pensar, o empresário do setor privado tem rapidez na tomada de decisão, vai ao mercado e compra, faz e desfaz. Na gestão pública isso não acontece dessa forma, é uma burocracia que se coloca. Pode causar uma certa decepção”, revelou.
Perguntado sobre a campanha de vacinação contra a Covid-19 no Paraná, o secretário explicou que o Estado conta com mais de 1,8 mil salas de aplicação, o que permitiria imunizar 200 mil pessoas por dia, se houvesse doses suficientes. A falta de vacinas, disse Beto Preto, não poderia ser driblada mesmo que o setor privado paranaense se mobilizasse para comprar e direcionar as doses para o Paraná.
“Existe uma legislação que garante a isonomia de imunização para o Brasil como um todo. É o Plano Nacional de Imunização. Existe até um consórcio para a compra de doses, mas há um acordo para que quando essas doses adentrarem o país elas sejam recebidas pelo Ministério da Saúde e distribuídas de maneira equânime entre todos os estados. Então, mesmo que uma empresa daqui corra e compre sozinha alguns milhões de doses para servir apenas ao Paraná isso não seria possível. Não podemos quebrar essa isonomia”, comentou o secretário.
Da Gazeta do Povo