Soja tem semana marcada por intensa volatilidade em Chicago e preços ainda firmes no Brasil
Os últimos dias marcaram mais uma semana de volatilidade para os preços da soja negociados na Bolsa de Chicago, enquanto permanecem firmes e sustentados no mercado brasileiro. O andamento das cotações ainda se divide entre os fundamentos e os movimentos técnicos. No Brasil, todavia, os negócios ainda caminham com um ritmo mais lento, acompanhando a conclusão da safra 2020/21.
“O fato é que a colheita está andando e o grão que tem saído dos campos está com qualidade baixa e a maior parte não consegue dar padrão de exportação. Assim, as ofertas seguem escassas, mantendo fôlego positivo dos preços, com apoio do dólar. Ainda assim, o mercado não conta com muitos vendedores, já que eles continuam esperando mais pela soja”, explica Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting.
Mais do que isso, ele explica ainda que a safra brasileira está praticamente definida, há pouco para mudar, e as cotações estão altas, os preços estão bem valorizados. “Mas temos que ter noção do outro lado da mesa, os compradores, importadores, setor de ração, e todo esse pessoal está estrangulado, já não conseguem pagar mais”, diz.
“Os grandes compradores dão sinais de que vão esperar receber a soja para depois negociar novos volumes. Assim, neste momento, temos uma calmaria no mercado”, afirma o consultor. Para a Brandalizze Consulting, a safra brasileira deverá ficar entre 127 e 133 milhões de toneladas. “Os números vão seguir flutuando, mas vem uma grande safra pela frente”, acredita Brandalizze.
Nos portos, os preços recuaram em relação à ultima sexta-feira (29). Em Paranaguá, a soja disponível fechou com R$ 168,00 por saca e baixa de 1,18% na semana, enquanto a referência março perdeu no acumulado 2,91% e fechou o dia com R$ 167,00. Já em Rio Grande, o spot se manteve estável em R$ 166,00, enquanto o indicativo março caiu 1,20% para R$ 165,00.
Parte da pressão que se dá sobre os preços no Brasil, além da volatilidade do dólar e dos futuros da oleaginosa na Bolsa de Chicago, vem também dos prêmios neste momento no Brasil. Apesar de ainda positivos, as referências estão também pressionadas – partes em função dos poucos negócios que acontecem neste momento.
Entre os compradores, segundo levantamento da consultoria, os prêmios variam entre 20 e 40 cents de dólar por bushel sobre os valores praticados na Bolsa de Chicago, enquanto os vendedores pedem entre US$ 1,20 e US$ 1,40 por bushel sobre a CBOT.
BOLSA DE CHICAGO
Na Bolsa de Chicago, o saldo da semana foi levemente negativo para os futuros da soja nas posições mais próximas. O contrato março encerrou a semana com uma ligeira baixa acumulada de 0,29%, valendo US$ 13,66 e o maio, de 0,15% para US$ 13,65. Já o agosto subiu 0,46% e passou de US$ 12,98 a US$ 13,04 por bushel. A semana foi do mercado da oleaginosa testando os dois lados da tabela.
Durante os últimos dias, os traders foram refletindo situações pontuais e momentâneas, se equilibrando entre os dados de oferta e demanda, o clima para a conclusão da safra na América do Sul e situações pontuais como a greve dos caminhoneiros na Argentina e os movimentos de washout que tem sido registrados na China.
Mais do que isso, o mercado se preparou nos últimos dias para a chegada do novo boletim mensal de oferta e demanda que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz na terça-feira, 9 de fevereiro. São esperadas mudanças entre os estoques norte-americanos – dada a demanda muito intensa pela soja dos Estados Unidos – a safra brasileira – que pode ser revisada para cima – e no cenário global, reforçando um quadro ajustado de oferta e demanda.
Assim, o mercado se comportou de forma bastante técnica, à espera de notícias fortes, novas e suficientes para voltar a direcionar as cotações. À Bloomberg, o CEO da Cargill, Dave MacLennan afirmou que as compras chinesas fortes ainda têm “pelo menos mais alguins trimestres pela frente” para que o país tenha estoques suficientes de soja e milho. Mais do que isso, acredita ainda que os preços terão que subir ainda mais para, de fato, conseguirem conter o ímpeto do consumo.
Do Notícias Agrícolas