‘Serão dias turbulentos, mas as medidas servirão para salvar vidas’, disse Ratinho Júnior. SC e RS já estão em lockdown
Governador se reuniu com prefeitos, para discutir medidas unificadas em todo o Estado. E promete: “Vão ser dias turbulentos”, anunciando medidas mais duras do que as já tomadas até agora.
O governador Carlos Massa Ratinho Junior convocou, na noite desta quinta-feira (25), duas reuniões virtuais de emergência para discutir o cenário da pandemia da Covid-19 e novas medidas restritivas a serem apresentadas para a sociedade nesta sexta-feira (26). Uma foi com os prefeitos dos cinco maiores municípios do Paraná e a outra com todos os presidentes das associações municipais, que congregam as 399 cidades do Estado.
“É o pior momento da pandemia neste um ano de enfrentamento da doença. A ideia é apresentar para a sociedade um pacote de medidas mais duro nesta sexta-feira para conter o contágio e evitar o colapso na rede de atendimento. Queremos construir um esforço conjunto para frear a curva crescente no Paraná”, afirmou Ratinho Junior. “Não é fácil, é uma decisão dura, mas é do nosso ofício tomar decisões difíceis”.
O governador também destacou que as curvas de infectados e de hospitalizações cresceram muito nos últimos dias, aquém da trajetória da pandemia em 2020. Ele disse que as medidas ajudarão a controlar a contaminação e servirão para ajudar a população, e lembrou que o Estado pode estar sendo impactado pela circulação de novas cepas.
“Serão dias turbulentos, mas as medidas servirão para salvar vidas. Não podemos ter um colapso na saúde. Vamos vencer mais esse momento”, afirmou Ratinho Junior. “Além disso, há muitos jovens sendo internados, o que antes não ocorria, e houve um aumento de 900% na fila de pessoas precisando de leitos hospitalares. É um cenário gravíssimo”.
As medidas ainda não foram detalhadas porque foram alvo de discussão com os prefeitos. O objetivo dos dois encontros foi justamente procurar uma uniformidade de decisões com os executivos municipais e discutir necessidades regionais que precisam constar no decreto estadual. As restrições serão apresentadas definitivamente nesta sexta-feira.
“Precisamos do apoio de todos os prefeitos. A vacina causou uma falsa ilusão de proteção. Ela não chegou na quantidade suficiente, mas trouxe esperança, o que fez com que as aglomerações voltassem e as pessoas relaxassem nas medidas básicas de proteção”, disse o secretário estadual da Saúde, Beto Preto. “Serão dias de esforço pela frente para que possamos atender as pessoas dentro do nosso quadro de leitos hospitalares”.
CENÁRIO
Nos dois encontros, o diretor de Gestão em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde, Vinícius Filipak, apresentou um panorama da pandemia. Segundo ele, o Paraná se encontra no pior momento desde o começo do enfrentamento, com viés de piora em todos os indicadores (ocupação de leitos, espera na fila para internação, novos casos e óbitos) se nada for feito para interromper a circulação.
Ele destacou que o Paraná alcançou a marca de 11,3 mil mortos e quase 630 mil infectados, e que a rede de atendimento da Covid-19 nos hospitais conta com 1.271 leitos de UTI para adultos e 1.790 leitos de enfermaria, com ocupação acima de 94% no atendimento que requer intubação. Esse índice está acima da previsão pessimista de evolução.
“Mesmo com o tamanho dessa rede, e o incremento dos leitos do sistema privado, nunca tivemos uma ocupação tão elevada, é o maior número da nossa série histórica. São mais de 3 mil pacientes internados, confirmados ou suspeitos, nesse momento. Nunca o Paraná teve esse número simultâneo”, afirmou.
Filipak também ressaltou que 92% dos pedidos de internação foram atendidos em até 24 horas no Paraná desde o começo da pandemia. Nas últimas semanas, no entanto, quase 20% aguardaram mais de um dia uma vaga na Central de Leitos, o que demonstra aumento da ocupação e do tempo de internamento.
“Se hoje temos esse número de contaminados, imagina nas próximas semanas. É hora de fazer alguma coisa porque isso terá impacto direto nas internações da semana que vem e da outra. As medidas serão destinadas a reduzir o risco real de contaminação, sob pena de falência integral do sistema de atendimento”, destacou.
Ele também pediu aos prefeitos que ampliem a testagem na população nos próximos dias e destacou que houve uma diminuição muito brusca na estratégia de mapeamento. “Atualmente a média é de 40% de positivos nos testes do Paraná. Isso é inadmissível porque mostra que estamos testando apenas pacientes sintomáticos e perdendo oportunidade de detectar os demais, que estão circulando. Uma testagem ampla deveria significar 8% a 10% de positivos”, arrematou.
REUNIÕES
Participaram da primeira reunião os prefeitos Curitiba (Rafael Greca), Ponta Grossa (Elizabeth Schmidt), Maringá (Ulisses Maia), Londrina (Marcelo Belinati) e representantes da prefeitura Cascavel. Da segunda, participaram os presidentes das 19 associações que congregam os 399 municípios, além da Associação dos Municípios do Paraná (AMP).
Pelo Governo do Estado, participaram o chefe da Casa Civil, Guto Silva; o secretário de Comunicação e Cultura, João Debiasi; a diretora de Vigilância Epidemiológica, Acácia Nasr; e a diretora de Atenção e Vigilância em Saúde, Maria Goretti David Lopes.
O vice-governador Darci Piana também conversou nesta quinta-feira com os líderes das entidades empresariais representadas no G7 e líderes religiosos.
RIO GRANDE DO SUL E SANTA CATARINA
Nos outros dois estados do sul, os respectivos governadores já anunciaram lockdown nesta quinta-feira (25). Os três governadores da região sul já tinham realizado uma reunião virtual na quarta-feira (24), justo com o objetivo de discutir medidas conjuntas de enfrentamento à pandemia, válidas para os três estados. Como os governadores de SC e RS já anunciaram lockdown nesta quinta, a expectativa é de que Ratinho Júnior faça o mesmo nesta sexta, na coletiva de imprensa que convocou para às 11h.
Em Santa Catarina, o governador Carlos Moisés da Silva (PSL) anunciou fechamento total do estado das 23h desta sexta-feira (26) até às 6h de segunda-feira (01). Somente serviços essenciais podem funcionar nestes horários. A mesma regra rigorosa valerá para o outro fim de semana, entre os dias 6 e 8 de março.
Já no Rio Grande do Sul as medidas tomadas pelo governador Eduardo Leite (PSDB) foram ainda mais severas. Além de decretar a bandeira preta para todo o estado (lockdown), a partir de sábado (27), ele também suspendeu a cogestão dos municípios, ou seja, a regra vale para todo o estado, sem possibilidade dos prefeitos abrandarem as medidas em suas cidades. Ou seja, não há mais tarjas de cores, para cada uma das 21 regionais do estado. Agora vale uma só bandeira para todo o Rio Grande do Sul.
No entender de Leite, a rede de saúde é uma só para o estado inteiro. Mesmo que uma pessoa esteja numa região de menor quantidade de infecções, ela vai depender de um sistema hospitalar que está sobrecarregado no geral. Por isso a bandeira preta valerá para o estado todo.
Do RIC Mais