A torcida do Paraná Clube está de luto. Pela primeira vez na história a equipe foi rebaixada para a série C do Brasileirão. Ao longo de 31 anos, o Paraná só havia disputado a terceira divisão em 1990, poucos meses após o seu nascimento, quando começava uma bonita e surpreendente trajetória rumo à elite do futebol.
E a queda veio de uma maneira que ninguém esperava, já que no início da competição os paranaenses demostraram que tinham qualidade de sobra para brigar na parte de cima da tabela. Foram 12 rodadas entre os quatros primeiros colocados, fato que mexeu com a expectativa do torcedor de ver o elenco disputando novamente a primeira divisão.
Infelizmente, o resultado foi o contrário. Com uma campanha muito irregular do fim do primeiro turno em diante, o Paraná Clube – que chegou a liderar o torneio durante três rodadas – caiu de produção e acabou sofrendo o inédito rebaixamento para a Série C do Campeonato Brasileiro. Uma mancha amarga que escancara mais uma crise, dentro e fora de campo.
O caixão foi fechado uma rodada antes do fim, justamente em uma partida em que o Tricolor da Vila tinha tudo para vencer. Apesar da fase ruim, a equipe comandada pelo técnico Márcio Coelho aparecia como favorita nos principais sites de apostas online como Betway, já que o duelo seria contra o Oeste, lanterna da competição e já matematicamente rebaixado.
Além disso, as estatísticas do último duelo jogavam a favor da equipe paranaense. Na partida do primeiro turno, uma goleada por 4 a 0 indicava que ainda havia esperança de vencer novamente e escapar da degola. Mas o resultado foi o pior possível e, com um gol no final do jogo, o Paraná saiu derrotado e deus adeus a qualquer possibilidade de permanecer na segunda divisão do Brasileirão.
Renúncia de presidentes e mais de R$ 100 milhões em dívidas
O rendimento negativo nos gramados também é fruto de diversos fatores extracampo. Para se ter uma ideia da gravidade, o ex-presidente Leonardo Oliveira se demitiu ao final da 36ª rodada do Brasileirão, quando o Paraná perdeu para o Cuiabá. Apesar de tudo, naquela época o Tricolor ainda tinha chances de permanecer na segunda divisão.
E Leonardo Oliveira não foi o primeiro presidente a renunciar ao cargo. No mandado anterior, Rubens Bohlen foi outro que pediu para sair do clube. O cartola não aguentou a pressão e, após ser ameaçado por torcedores rivais, decidiu que tinha chegado a hora de ir embora.
Todos esses “escândalos” têm um fator em comum: uma dívida antiga que ano após ano só cresce e, segundo os balanços de 2019, já está na incrível cifra de R$ 121 milhões. E, mesmo com a ajuda de parcelamento de dívidas com a União por meio do Profut, o pesadelo pode estar apenas começando.
Com a queda histórica, o Paraná perdeu a sua principal fonte de renda, já que a terceira divisão não disponibiliza cotas de TV. Uma situação desesperadora que indica que o pior ainda pode estar por vir.
Lembranças de uma década de conquistas
Houve uma época em que o Paraná Clube era uma verdadeira sensação. Com temporadas muito vitoriosas, principalmente na década de 90, o Tricolor da Vila chegou a conquistar impressionantes cinco títulos estaduais consecutivos, entre 1993 a 1997.
Mas foi no ano de 2006 que o Tricolor da Vila ficou marcado por ter feito sua melhor temporada. Após vencer mais um estadual, a equipe na época comandada pelo técnico Caio Júnior chegou em quinto lugar no Campeonato Brasileiro e conquistou uma inédita vaga para a Copa Libertadores da América.
E o que tinha tudo para ser um verdadeiro sonho se transformou, na verdade, no início de um pesadelo. Após alguns jogos históricos e uma eliminação honrosa para o Libertad nas oitavas de final da competição Internacional, o clube despencou de rendimento, o que culminou no rebaixamento para a segunda divisão do Brasileirão.
De lá para cá, o Paraná deixou de ser aquele clube vitorioso que o torcedor tanto se orgulhava e mergulhou em inúmeras crises que o levaram hoje à terceira divisão nacional.