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Isolamento quadruplicou casos de miopia entre crianças e a causa pode estar nas suas mãos

Você tem conversado com seu filho sobre como está a visão dele nos últimos meses? Se não, pelo menos tente perceber como a criança tem enxergado. Isso porque um estudo realizado na China mostrou que os casos de miopia entre crianças de 6 anos aumentaram 400% nos cinco primeiros meses de 2020, por causa da pandemia. 

Segundo esse mesmo estudo, que analisou mais de 120 mil crianças e foi publicado na JAMA Ophthalmology, revista científica com maior fator de impacto dentro do campo da oftalmologia, o impacto da pandemia também afetou outras crianças. Entre os participantes com 7 anos, o aumento foi de 200% nos casos de miopia e aos 8 anos a alta foi de 40%. 

O oftalmologista Carlos Augusto Moreira Neto, do Hospital de Olhos do Paraná, alertou que os principais vilões disso tudo são o celular e o tablet. “Dois dos principais. Porque junto deles temos também o videogame,  o notebook, a TV. Tudo que faz com que as crianças fiquem muito próximas às telas e não estimulem a visão para longe”, explicou.  

De acordo com o médico, o que aconteceu é que, com a pandemia, as crianças passaram a ficar com acesso ainda maior às telas. “No isolamento, nós restringimos o que faz bem e aumentamos o que faz mal, ou seja, ao invés de as crianças ficarem mais distantes dos celulares, tablets e objetos tecnológicos, automaticamente foram quase que obrigadas a isso. De imediato, o primeiro impacto é a visão”. 

Por que é pior nas crianças?

O oftalmologista explicou que o problema é maior com as crianças, justamente por ainda estarem em fase de desenvolvimento. “O olho ainda está se desenvolvendo. Acontece basicamente o seguinte: todos nós temos uma capa, que recobre o olho. Na criança, essa capa ainda é vulnerável a mudanças e muitas destas mudanças acontecem pelos aparelhos que são usados para perto. Nos adultos essa capa já é mais rígida, portanto é menos suscetível a mudança”. 

Conforme o médico, uma vez afetado, não tem reversão da miopia. “O que temos são mecanismos que permitem corrigir a miopia, que são óculos, lentes de contato e quando já está com mais de 18, 20 anos, a cirurgia para a correção. Mas o problema jamais vai mudar, por isso é importante diminuir o uso dos aparelhos e estimular mais a visão”, alertou.

Nas crianças, além de fazer com que tenham que usar óculos, o uso excessivo das telas muito próximas aos olhos pode acarretar em problema ainda maior. “Pode levar a miopia mais alta, com agravamento que provoca até descolamento da retina. É muito sério, por isso precisa ser observado pelos pais”.

Como usar as telas da forma certa?

Embora a principal dica seja diminuir o uso, o médico, orienta que não precisa fazer com que a criança deixe de usar totalmente o tablet, o celular ou até o videogame. “Limitando o uso direto a duas horas por dia e estimulando os olhos às atividades externas, em ambientes abertos, ajuda muito. Porque ao sair e fazer com que os nossos olhos enxerguem paisagens mais distantes, estimula a visão para longe, o funcionamento correto da visão. A luz do Sol tem papel fundamental também”. 

No caso das aulas virtuais, que geralmente duram mais de duas horas, o oftalmologista disse que não precisa deixar de fazer. “Desde que os pais orientem os filhos que faça intervalos, a cada duas horas, estimulando a visão para longe. E isso também vale para os adultos. Sabe aquela pausa que fazemos durante o trabalho para alongar as mãos, esticar o corpo quando ficamos muito sentados? Da mesma forma temos que fazer com os olhos”, explicou Carlos, orientando que olhar para algo com pelo menos 6 metros faz com que a visão seja estimulada. 

Fique atento às crianças 

O médico disse que, mesmo sem ter uma pesquisa oficial com crianças de Curitiba, foi notável no dia-a-dia a mudança com relação à miopia. “Percebemos muitos pacientes que não eram míopes e que acabaram ficando. Um fato que nos chama a atenção também é que aqueles pacientes que já eram, estão piorando o grau. É um problema realmente de saúde pública que vamos ter no futuro. Por isso podemos tentar evitar agora”. 

No Paraná, a volta às aulas está prevista para 18 de fevereiro no sistema híbrido: uma parte dos alunos assistirá as aulas na escola, enquanto outra parte continua em casa. “Nesse reinício, é importante que os pais fiquem atentos à saúde da visão de seus filhos, se a criança está com dificuldades para enxergar de longe, com dor de cabeça, pois como vimos, o isolamento agravou os casos de miopia e isso pode refletir no desempenho escolar”, alertou.   

Da Tribuna do Paraná

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