Caminhoneiros de 22 estados do País, incluindo o Paraná, decidiram entrar em greve a partir dsta segunda-feira (1). A paralisação, a exemplo do que ocorreu em 2018, pode gerar desabastecimento no País em plena época de pandemia do novo coronavírus. O tamanho da greve é incerto, uma vez que entidades como a Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Autônomos (Abrava) e a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) reforçaram que não participarão da paralisação (ver abaixo).
A paralisação também enfraquece o governo federal. Na última semana, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) havia feito apelos à categoria, pedindo que fossem patriotas e não fizessem uma paralisação em meio ao atual cenário político e econômico.
No Paraná, organizadores da paralisação dos caminhoneiros fizeram uma panfletagem no Posto Costa Brava, na Régis Bittencourt, em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). A Polícia Rodoviária Federal (PRF) acompanhou a panfletagem junto às margens da BR-116, no final da tarde de ontem.
Em um vídeo postado nas redes sociais, o presidente do Conselho Nacional dos Transportes Rodoviários de Cargas (CNTRC), Plínio Dias, afirma que a paralisação começaria a partir das 6 horas da manhã de hoje. Dias afirmou que a duração do movimento será “indeterminada” e que 22 Estados participam do conselho. Ele disse que a redução ou zeragem do PIS/Cofins sobre o diesel, cogitada pelo governo para abaixar o preço do combustível, não seria suficiente para terminar com a greve. Segundo ele, o principal problema é a política de paridade ao preço internacional adotada pela Petrobras.
Na época da paralisação de 2018, o preço do óleo diesel era de R$ 3,30. Hoje, está em torno de R$ 4,50, ou 36% a mais. Além disso, a Petrobras faz constantes aumentos de preço na refinaria, que trazem impacto imediato para quem abastece na bomba. O impacto não é imediato quando o preço abaixa.
“Quem teria a culpa de desabastecimento do País se o movimento se prolongar por 3, 4, 5 dias, como foi na época do presidente Michel Temer, quando durou 11 dias, não são os caminhoneiros, é quem é responsável pela pasta”, afirmou Dias. “Se o presidente chamar para conversar no primeiro dia e resolver, todo mundo volta a trabalhar no dia seguinte. Até agora não teve diálogo com Conselho Nacional ou com a categoria”.
A pauta também discute aposentadoria especial para a categoria, o cumprimento do piso mínimo do frete, estabelecido em 2018 após a paralisação de 11 dias, respeito à jornada de trabalho e maior fiscalização da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), entre outras reivindicações.
Apelo do presidente
No sábado (30), Bolsonaro pediu que a categoria não entrasse em greve e disse que todo mundo perderia se isso acontecesse, “o Brasil todo”. Questionado sobre o apelo do presidente, Dias afirmou que entende que o presidente não pode incitar greves, mas reclamou que “não chegou nada para categoria de autônomos” nos primeiros dois anos de governo. “Não podemos deixar passar este ano, o ano que vem é de eleição, senão os caminhoneiros vão continuar no submundo”, disse.
Do Bem Paraná