Os desenvolvedores da vacina russa contra a Covid-19, a Sputnik V, que deverá ser usada no Paraná, anunciaram nesta terça-feira (24) que dados preliminares obtidos de voluntários 42 dias após a primeira dose da vacina (21 dias após a segunda dose) indicam uma eficácia acima de 95% na imunização.
A análise foi divulgada pelo Instituto Gamaleya, que produz e testa a vacina na Rússia, e os resultados ainda não foram publicados em revistas científicas. Ainda segundo os estudos, sete dias após a segunda dose, a eficácia registrada foi de 91,4%.
A análise foi feita com base em 18.794 pessoas vacinadas, sendo que 14.095 receberam a vacina, em ambas as doses. As outras 4.699 receberam placebo, ou seja, uma substância inativa. Entre os vacinados, houve 8 casos de Covid-19 sete dias após a aplicação da segunda dose. Entre os não vacinados, houve 31 casos no mesmo período.
A Gamaleya diz que até esta terça (24) nenhum evento adverso inesperado havia sido identificado. Alguns dos vacinados apresentaram eventos adversos menores de curto prazo, como dor no ponto de injeção e sintomas semelhantes aos da gripe, incluindo febre, fraqueza, fadiga e dor de cabeça.
Nesta terça-feira (24), o diretor-geral do Fundo Russo de Investimentos Diretos, Kirill Dmitriev, disse à agência de notícias Sputnik News que a vacina desenvolvida pela Rússia será não somente a mais eficaz, mas também a mais acessível em termos de preço e logística. “Hoje divulgamos pela primeira vez o preço da vacina que será praticado no mercado internacional: uma dose custará menos de US$ 10 (cerca de R$ 53). Como são necessárias duas doses, o custo total da Sputnik V por paciente será inferior a US$ 20 (cerca de R$ 107)”, disse o diretor.
Enquanto algumas vacinas em desenvolvimento exigem temperaturas baixíssimas para serem preservadas no transporte, a vacina russa poderá ser armazenada e administrada a temperaturas acima de zero. “Por isso, a Sputnik V será uma das vacinas mais acessíveis também sob o ponto de vista da distribuição e logística, o que é um fator muito importante para nossos colegas na América Latina, Ásia, Oriente Médio e África”, lembrou Dmitriev.
Vacina russa no Paraná
Logo que a Rússia anunciou o registro da Sputnik V, em agosto desse ano, o estado do Paraná assinou um acordo com o país para a realização de testes em território paranaense. Voluntários devem receber as doses do imunizante, fornecidas pela Rússia sem custos ao estado do Paraná, e serão acompanhados para testar a eficácia.
As doses para os testes, no entanto, só poderão ser recebidas após a aprovação de um protocolo, que está sendo elaborado pelo Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) para então ser aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). Depois de recebidas as doses, caso os resultados sejam positivos, o estado poderá passar a importar a vacina russa par a imunizar a população. O acordo prevê também a possibilidade de passar a produzir a vacina no Tecpar.
Em agosto, outra vacina contra a Covid-19, a chinesa Coronavac, começou a ser testada em Curitiba. Ao todo, 1.406 profissionais de saúde voluntários passarão pelos testes com o imunizante chinês no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná.
Da Gazeta do Povo