“Os agricultores brasileiros provavelmente terão o maior lucro da história na safra 2020/2021 da soja, já que os preços da soja atingiram recordes nominais nos últimos meses. Os preços elevados são resultado da baixa oferta doméstica e da depreciação do Real em relação ao Dólar”. A projeção é da pesquisadora Joana Colussi e do professor Gary Schnitkey no artigo “Lucro da Soja Brasileira atingirá maior patamar histórico em 2020/21”, publicado na página do Departamento de Economia Agrícola e do Consumidor da Universidade de Illinois (EUA).
De acordo com os autores, os preços da soja “provavelmente permanecerão altos no Brasil, e as exportações de soja podem crescer para o ano de comercialização 2020/21. O crescimento da produção no Brasil provavelmente continuará nos próximos dez anos”.
Eles destacam que o preço mensal no porto de Paranaguá (Pr. Paraná) aumentou 66,5% de 1º de janeiro a 25 de setembro deste ano, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Faculdade de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo: “O aumento do preço da soja no Brasil está diretamente relacionado à depreciação do Real em relação ao Dólar. De janeiro a setembro, a moeda norte-americana subiu 29%. Durante a pandemia, a moeda brasileira se depreciou ainda mais à medida que sua economia desacelerou”.
Além das mudanças cambiais, explicam os autores, existem prêmios elevados em relação aos preços da Chicago Mercantile Exchange (CME) nos portos brasileiros. Em setembro e outubro deste ano, os prêmios portuários ficaram entre US$ 1,90 e US$ 2,00 por bushel acima dos preços da CME. “Esses aumentos de prêmios ocorreram em um ano em que o Brasil colheu uma safra recorde de soja, ultrapassando 124 milhões de toneladas na safra 2019/2020”, apontam.
“Fatores sugerem que os preços da soja no Brasil continuarão a subir, já que as exportações recordes geraram uma redução da oferta interna em relação aos anos anteriores. A demanda interna continua firme devido às grandes compras de farelo de soja e óleo. Os baixos estoques de soja estão levando as indústrias nacionais a pagar mais em comparação com os portos”, concluem Colussi e Schnitkey.
Do Agrolink