Depois da confirmação da morte de um cachorro por raiva silvestre (transmitida por morcego), no município de Pérola, no Noroeste do Paraná, a Secretaria de Estado da Saúde enviou emergencialmente para a 12ª Regional de Umuarama doses da vacina antirrábica canina para bloqueio vacinal na área em que ocorreu o foco da doença.
O trabalho de bloqueio vacinal animal é feito com o direcionamento e supervisão da coordenação do Programa Estadual de Controle da Raiva em conjunto com as Regionais de Saúde e os municípios.
Quando ocorre a confirmação diagnóstica da raiva em cães e gatos, esse bloqueio vacinal deve ocorrer em um tempo oportuno de até 72 horas para evitar a possível transmissão do vírus para outros animais.
“O Paraná está há 15 anos sem registro de casos da raiva canina. Diante a situação epidemiológica do Estado, as normas internacionais não indicam campanha de vacinação contra raiva, mas sim o bloqueio vacinal na área afetada o mais rápido possível”, disse o secretário da Saúde, Beto Preto. “Após a confirmação laboratorial no município de Pérola, esta medida foi prontamente tomada de forma rápida e ágil pela Secretaria”, acrescentou.
Além de definir o raio da localidade que teve o animal positivado com a doença e fazer o bloqueio vacinal, o trabalho da vigilância também é de orientação para a população. “Faremos o bloqueio vacinal em um raio de 5 km da origem onde o animal estava, nessa região todos os cães e gatos serão vacinados e é muito importante que os tutores de animais domésticos mantenham a vacinação contra a raiva em dia”, alerta a coordenadora do Programa Estadual de Controle da Raiva, Tatiane Cristina Brites Dombroski.
TRANSMISSÃO – A raiva é uma doença infecciosa causada por um vírus que afeta o sistema nervoso. A transmissão da raiva ocorre através da saliva de um mamífero infectado, sobretudo através da mordedura de animais.
A maioria dos acidentes antirrábicos acontece pela mordedura de cães, gatos ou contato com morcegos. Nesses casos, a pessoa deve ser encaminhada imediatamente a uma unidade de saúde para avaliação do caso e, se necessário, iniciar o tratamento profilático.
“É importante destacar que qualquer acidente com morcegos ou animais domésticos, como gatos e cachorros, exige a procura imediata de uma unidade de saúde para avaliação do caso,” destacou a coordenadora.
Ainda segundo ela, o Paraná tem estoques suficientes de soros e vacinas para o tratamento quando necessário.
“Se o tratamento for realizado em tempo hábil e seguindo o protocolo de atendimento é possível que a pessoa que teve contato com o vírus não desenvolva a doença. Por isso, todos os profissionais devem estar atentos ao histórico do paciente e também observar o comportamento do animal que provocou o incidente”, acrescentou.
DADOS – Em média ocorrem cerca de 45 mil notificações anuais de atendimento antirrábico no Paraná. De 2017 a 2020, dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) mostram que foram feitos 149.983 atendimentos, destes, 89% em decorrência de agressões por cães, 8% por gatos, 3% por outros animais como macacos, quati, boi, cavalo e porco, e 1% por morcegos. A maioria destes atendimentos aconteceu na 2° Regional de Saúde, de Curitiba e Região Metropolitana, com o total de 31% dos atendimentos.
Em 2020, já foram registrados mais de 17 mil atendimentos em todo o Paraná.
TREINAMENTO – A Secretaria da Saúde finalizou em 2019 um ciclo de capacitação para aprimorar o tratamento de prevenção da raiva humana, transmitida por animais. O ciclo de treinamento, chamado “Atendimento e Profilaxia Antirrábica Humana”, passou pelas 22 Regionais de Saúde e contou com a participação de mais de 1,6 mil profissionais da Atenção Básica e de Vigilância em Saúde.
O treinamento teve o objetivo de alertar aos profissionais sobre os procedimentos corretos e indicados no protocolo de tratamento profilático da raiva humana.
Na próxima semana, a 12° Regional de Saúde irá receber um reforço nas orientações gerais sobre a raiva.
ORIENTAÇÕES À POPULAÇÃO
- Os morcegos são animais de hábitos noturnos. Quando encontrados caídos ou voando durante o dia podem estar doentes, com o vírus da raiva.
- Se encontrar um morcego com hábitos incomuns a indicação é isolar o local onde o animal foi encontrado ou prendê-lo com um balde e entrar em contato imediatamente com a Secretaria Municipal de Saúde.
- Qualquer espécie de morcego pode transmitir o vírus da raiva, não apenas o hematófago.
- É importante a vacinação anual contra raiva de cães e gatos, mesmo para animais idosos e que não tenham acesso às ruas.
- Evite tocar em qualquer morcego, vivo ou morto.
- O contato direto com morcegos por toque, arranhões ou mordidas é grave. Caso isso aconteça, procure a unidade de saúde mais próxima.
- No contato com morcego (lambedura, mordedura ou arranhão), ou no caso de acordar com o animal caído dentro do quarto de dormir, procure o serviço de Saúde para avaliação do caso.
No caso de sofrer qualquer tipo de agressão por animais mamíferos:
- Lave o ferimento imediatamente com água corrente e sabão.
- Procure rapidamente uma unidade de saúde.
- Faça o tratamento quando for indicado sem faltar às vacinações.
- Não matar os animais agressores. Os animais silvestres têm importância na ecologia e no equilíbrio ambiental. São protegidos por lei federal nº 9.605/98.