Atividade faz parte de programa ambiental desenvolvido pelo Sistema de Transmissão Gralha Azul
A primavera está chegando e com ela as abelhas. É nessa época do ano que começamos a observar com mais frequência a locomoção dos enxames, em casas, postes, pelas cidades e áreas rurais. Mas é importante ter consciência dos perigos resultantes do contato com elas. Para manipulá-las ou retirá-las de algum local, é preciso contar com ajuda especializada e, neste caso, nada melhor do que um apicultor, como é o caso do Jocemar Smaha, de Ponta Grossa (PR). Apicultores, são profissionais que atuam na área de criação e tratamento de abelhas, com extração de produtos provenientes desse inseto, tais como o mel, a própolis, a geleia real, dentre outros.
Além de manter seu próprio apiário, entre as cidades de Prudentópolis e Ponta Grossa, que produz cerca de mil quilos de mel por ano, Jocemar trabalha realizando os mais diversos resgates de abelhas. Os enxames resgatados são cuidadosamente manejados, ambientados em uma espécie de quarentena para adaptação, e, aos poucos, uma nova colmeia se preparará para produzir o mel saboroso e bastante artesanal. “Nosso trabalho é artesanal e diversificado. Mesmo sendo um pequeno produtor, o apiário é tradição da minha família, um trabalho que começou com meu avô e que hoje eu e meu irmão tocamos. As abelhas fazem parte da história da nossa família”, conta.
Jocemar acumula muitas histórias em seu trabalho, e diz que qualquer descuido é sempre muito doloroso. “Mesmo com roupas e equipamentos adequados, volta e meia levamos algumas ferroadas. É importante que as pessoas saibam que as abelhas com ferrão podem causar acidentes graves, principalmente, se a pessoa é alérgica, nesses casos, apenas uma picada pode causar um grande dano à saúde. Por isso, para mexer com elas é importante chamar um apicultor e, nos locais onde não há esse profissional, procurar os bombeiros ou biólogos que saibam avaliar e fazer o resgate e manejo adequado”, explica.
Atualmente, o apiário de Jocemar Smaha é um dos locais que recebe as colmeias resgatadas por meio do Programa Ambiental de Manejo da Fauna do Sistema de Transmissão Gralha Azul, que está promovendo obras para a implantação de mil quilômetros de linhas de transmissão no Paraná, passando por 27 municípios. Uma equipe de sete biólogos e sete auxiliares está atuando na identificação, resgate e manejo das abelhas, um trabalho que vem sendo realizado, neste momento, nas proximidades das cidades de Ponta Grossa, São Mateus do Sul, Cândido de Abreu, União da Vitória e Pinhão.
O biólogo Lucas Menon de Oliveira é um dos profissionais que integram a equipe de resgate. Ele conta que o trabalho de resgate das abelhas inicia com uma vistoria nas áreas nas quais serão realizadas as obras. “Se identificamos alguma colmeia no local, primeiro nós isolamento a área, depois comunicamos os encarregados e, então, iniciamos a remoção. Algumas vezes conseguimos remover a colmeia e outras vezes – quando as espécies fazem dos troncos de árvores sua morada – precisamos retirar um pedaço inteiro da árvore para fazer a remoção”, comenta.
Uma das espécies de abelhas mais encontradas pela equipe de biólogos é a Apis melífera, uma espécie exótica, mas bastante ambientada localmente e também a mais conhecida pela população. Ela mede até 13 mm de comprimento e apresenta pelos do tórax mais escuros. “É uma abelha comum, aquela que chega perto sempre que estamos tomando um caldo de cana. Mesmo sendo uma espécie exótica, já está há tanto tempo introduzida na nossa fauna, que se tornou um importante agente polinizador. Por isso, mesmo sendo exótica, não podemos deixar nas áreas, precisamos retirá-las e enviar para um apicultor”, diz.
Além dessa espécie, que é uma importante produtora de mel, há outras espécies nativas manejadas quando encontradas, como a mamangabas (Bombus) – grandes, peludas e que emitem um zumbido alto ao voar. “Elas são muito importantes na polinização de muitas plantas. Uma mamangaba raramente ferroa, a não ser que seja provocada por algum tipo de barulho ou pessoas. Sua ferroada é muito dolorosa, e diferente da Apis, uma mamangaba pode ferroar várias vezes”, comenta Lucas.
O biólogo diz que o resgate das espécies exóticas e nativas é muito importante, tanto pelo seu papel na flora, quanto para a diversificação genética. “Elas são levadas para os apiários justamente por isso, pois os apicultores sabem fazer o manejo dessas espécies, podem diversificar a qualidade do mel e ampliar a variedade genética das espécies, o que é uma forma de proteger as espécies nativas, que são muito sensíveis e menos resistentes, inclusive, aos herbicidas colocados nas lavouras. Nos apiários as espécies têm uma chance maior de se desenvolver”.
Lucas Menon também reforça a importância de não manipular ou mexer com as abelhas. “Nessa época do ano é muito comum que as pessoas avistem os enxames nas cidades, mas essas abelhas estão apenas em deslocamento. É comum, por exemplo, elas encontrarem uma calha, em casas, e passarem ali uns dois ou três dias, enquanto uma das abelhas batedoras está procurando um local para fazer a colmeia. Quando isso acontece é importante não jogar veneno, nem tentar removê-las. Geralmente elas vão embora em poucos dias. Se isso não acontecer o ideal é chamar um apicultor ou profissional especializado para removê-las adequadamente. As abelhas são fundamentais, não só para a produção de mel, mas, também, para a polinização e manutenção de diversas outras espécies”, completa.
O resgate e manejo das abelhas, assim como de outras espécies da fauna, é um dos diversos programas ambientais do Sistema de Transmissão Gralha Azul, dedicados a minimizar, mitigar ou compensar os impactos sobre o ecossistema local. O respeito ao meio ambiente está entre os compromissos fundamentais da ENGIE, refletido em suas políticas e práticas – o que inclui o desenvolvimento de todos os seus projetos, como o empreendimento em questão.
Da Lide Multimídia/Paula Batista