Uma colisão ocorrida às vésperas da tragédia prova que a visibilidade do local já estava comprometida pela fumaça e pela neblina; até então, o caso era tratado com uma fatalidade
Novas informações apuradas durante a investigação do grave acidente na BR-277, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, que deixou oito mortos e 21 pessoas feridas na noite de 2 agosto, podem provocar uma reviravolta no caso.
De acordo com a Polícia Civil, um vídeo, entregue por uma testemunha na delegacia, mostra que um dia antes da tragédia, no dia 1º, uma colisão envolvendo vários veículos já havia ocorrido no mesmo local e pelos mesmos motivos: falta de visibilidade provocada pela fumaça de queimadas e pela neblina.
“Apresentou aqui um vídeo, que inclusive a Ecovia estaria no local atendendo a vítima, onde mostra que não havia visibilidade. Segundo ela, ela vinha trafegando por volta de 30 a 40 Km/h quando foi atingida por um motociclista e, na sequência, outros carros teriam atingido a vítima também. O que confirma a versão apresentada nos autos pelos moradores daquela região”, disse o delegado Fábio Machado.
Para o delegado, essa é uma prova importante que pode ajudar a identificar os responsáveis pelo o que aconteceu. Conforme Machado, se a visibilidade da região estava comprometida de tal forma que vinha causando vários acidentes, era imprescindível que a concessionária de pedágio, que administra o trecho, tivesse tomado alguma providência para evitar novas colisões.
“Nós vamos agora chamar novamente aqui na delegacia todos os funcionários da Ecovia, para que nos esclareça o porquê da omissão desse fato. Já que é um fato extremamente relevante, que demonstra que a falta de visibilidade era recorrente no local. Estamos pedindo a PRF que encaminhe também todos os boletins de ocorrência desde o dia 25 até o dia 10 de agosto para que a gente possa identificar quantas vítimas foram envolvidas em acidentes naquela região”, ressaltou ainda Machado.
Se ficar comprovada a omissão dos responsáveis pela administração e conservação do trecho em questão da BR-277, eles podem ser responsabilizados criminalmente. Até então, o caso era tratado com uma fatalidade.
“Caso seja comprovada uma omissão relevante por parte dos funcionários da Ecovia, eles podem sim ser indiciados por homicídio por lesão corporal culposa”, finalizou o delegado.
Do RIC Mais