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“Se nada fosse feito, pessoas morreriam sem atendimento”, diz pneumologista sobre decretos na RMC

Hospital do Rocio, referência no atendimento à covid-19, alcançou taxa de ocupação nas UTIs de 96%, com 99 dos 103 leitos ocupados

As medidas restritivas de serviços não essenciais em Curitiba e região metropolitana serão importantes para evitar que pessoas morram sem o atendimento necessário para a covid-19. Essa é a avaliação do médico pneumologista Irinei Melek, intensivista do Hospital Angelina Caron e presidente da Sociedade Paranaense de Pneumologia, que durante entrevista à Banda B também afirmou que não se pode afrouxar neste momento, a fim de se evitar um colapso no Sistema de Saúde, que já está com mais de 80% de ocupação nos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Cidades como Araucária e São José dos Pinhais, cortadas por rodovias e polos industrias, estão com um crescimento grande no número de casos. A primeira tem 662 confirmados com 15 mortes até a tarde desta terça-feira (7), já a segunda tem 737 casos com 37 mortes confirmadas.

Para Melek, o crescimento é persistente e se nada fosse feito haveria um inevitável colapso no sistema de saúde, por isso a atitude dos gestores municipais e estaduais foi acertada. “Houve um reflexo muito grande no hospitais e a ocupação está muito grande. No Angelina Caron, onde não somos referências para a COVID-19, houve um aumento considerável. Estamos vivendo um auge no número de casos e a gente vê uma movimento do poder público em criar novos leitos, para não se ter um colapso. O número está grande e preocupa”, disse à Banda B.

O médico acredita que em duas a três semanas será possível observar um efeito das medidas mais restritivas no Paraná. “Tenho a convicção que estas medidas vão fazer com que as pessoas tenham o atendimento necessário. O reflexo mais efetivo será nas próximas semanas. A gente tem essa esperança realmente, mas não se deve baixar a guarda. É o que temos falado desde o início: testar, isolar o paciente e fazer o distanciamento social. Infelizmente, as pessoas não conseguem entender isso, se aglomeram em mercados, shoppings e têm dificuldades de seguir as regras”, ponderou.

União de prefeitos

Inicialmente um decreto municipal para Curitiba e outro para os municípios da região metropolitana foram implementados para tentar conter o avanço do vírus. Eles vão completar duas semanas em breve e, para o presidente da Assomec (Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Curitiba) e prefeito de Fazenda Rio Grande, Márcio Wozniack, a hora é dos prefeitos pensarem na vida, destacando a união obtida pelo Fórum Metropolitano de Saúde.

Wozniack durante reunião com prefeitos da RMC

“Os números ainda continuam altos e haverá uma nova reunião na sexta-feira para saber sobre o impacto das medidas restritivas, especialmente agora com o novo decreto estadual que completará uma semana. O importante é destacar que é a primeira vez que se vê essa união entre os prefeitos e agora é uma questão de uma unidade contra o vírus. Não é o feirante ou dono de academia contra o prefeito, mas todos contra o vírus e tudo será trabalhado em conjunto no pacto metropolitano”, disse o prefeito.

Wozniack ainda lamentou que a oposição a prefeitos e até pré-candidatos a cargos municipais estejam usando da pandemia para ganhar politicamente. “Lamentavelmente, tem muita gente tentando inflamar a opinião pública contra a administração municipal, pensando nas eleições, quando o foco não deveria ser este”, opinou.

São José dos Pinhais

(Foto: Divulgação)

Cortada por três rodovias (Contorno Leste, BR-376 e BR-277), São José dos Pinhais é a cidade da região metropolitana com o maior número de casos e mortes, o que é proporcional ao tamanho populacional. A secretária de Saúde do município, Débora Chemin, destacou que São José dos Pinhais mantém o alerta para evitar aumento de casos. “Somos um município com polos industriais e cortado por rodovias. Pedimos a colaboração da população, porque só vamos vencer com a ajuda de todos”, afirmou.

A secretária ainda destacou a importância de medidas mais restritivas neste momento. “Isso é importante para o achatamento da curva. Se você diminui a circulação, diminui a transmissibilidade. As pessoas vão morrer por falta de UTI se não houver uma conscientização coletiva sobre o decreto restritivo. É uma medida para salvar mais vidas possíveis”, salientou.

Araucária

(Foto: Divulgação/Ascom/PMA))

Também afetada pelo coronavírus, Araucária vê dobrar a cada semana o número de casos suspeitos da doença, gerando grande procura por atendimento. “É algo que vem persistindo e estamos realmente em uma elevação de casos nas últimas quatro semanas. A procura por atendimento está o dobro que semanas anteriores”, afirmou a diretora do Departamento de Vigilância e Saúde, Alexsandra Tomé.

Para a diretora, o fechamento neste momento de serviços não essenciais fará toda a diferença. “A gente tem um ciclo de doença que leva de duas a três semanas para você ter um impacto, então o objetivo no momento é diminuir os contatos e evitar o uso do transporte coletivo”, concluiu.

Para enfatizar este números, nesta segunda-feira o Hospital do Rocio, referência no atendimento à covid-19, alcançou taxa de ocupação nas UTIs de 96%, com 99 dos 103 leitos ocupados.

Da Banda B

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