[the_ad_group id="3495"]

Herpes neonatal: ‘O beijo da morte que quase custou a vida do meu bebê’

Em bebês, o vírus pode levar a um dano neurológico permanente ou mesmo à morte.

Noah, o bebê da britânica Ashleigh White, ficou gravemente doente após contrair o vírus herpes tipo 1 (HSV1), altamente contagioso.

É o mesmo que causa a herpes labial em adultos – manifestando-se através de bolhas que causam ardor e coceira e que desaparecem após aproximadamente uma semana.

Mas em bebês, ele pode levar a um dano neurológico permanente ou mesmo à morte – embora seja algo raro e evitável.

Se a pessoa portadora do vírus tiver uma ferida exposta na boca e beijar uma criança, esta pode ficar muito doente, porque seu sistema imunológico não se desenvolveu o suficiente para combatê-lo.

Essa forma de transmissão, também conhecida como o “beijo da morte”, foi identificada pela mãe de Noah em seu primeiro mês de vida.nullTalvez também te interesse

Ela contou à BBC Radio 5 como o vírus “quase matou” seu filho.

Ashleigh White percebeu sintomas da herpes neonatal no primeiro mês de vida de Noah

‘Muito doente’

“Os olhos dele começaram a inchar e a formar uma pequena crosta. Alguns dias depois, surgiram bolhas (sobre a pálpebra), então fomos ao pediatra – que nos levou diretamente para o hospital”, lembra White.

No início, os médicos não diagnosticaram Noah com herpes neonatal, mas a mãe leu um post no Facebook sobre o vírus HSV1 e apontou para a semelhança deste quadro à equipe.

“Ele ficou muito doente”, diz. “Conseguimos detectar a tempo, antes de se tornar uma doença sistêmica e começar a afetar todos os seus órgãos vitais”.

“Quando (a infecção) estava em volta de seus olhos, já havia temores de que ele ficaria cego”.

A herpes neonatal é uma doença rara e, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), ocorre em aproximadamente 10 de cada 100 mil nascimentos em todo o mundo.

Latente

Liz Bragg, pediatra e membro do Conselho de Saúde da Universidade de Cardiff e Vale, na Inglaterra, explica que “uma vez que alguém contrai (o vírus), o tem para sempre”.

“Entre 50% e 90% das pessoas no mundo têm (o vírus) e mesmo que não tenham sintomas, ele está em seu corpo”, acrescentou.

Vírus fica dormente em muitas das pessoas que o carregam, mas pode se transmitido quando há uma ferida aberta, por exemplo

Ou seja, este vírus infecta a maioria das pessoas na infância e depois fica dormente no sistema nervoso periférico (aquele que não inclui o cérebro e a medula espinhal).

Ocasionalmente, se uma pessoa está estressada ou com a imunidade baixa, por exemplo, o vírus é ativado e, em alguns casos, surge a herpes labial.

A médica lembra que a doença não é contagiosa, a menos que o vírus tiver sido ativado – podendo, nesse caso, ser transmitido por gotículas de saliva, beijo ou objetos contaminados levados à boca.

Contágio

O bebê pode ser contaminado durante a gravidez, o parto e após o nascimento.

O risco aumenta se a mãe tiver contraído herpes genital pela primeira vez nas últimas 6 semanas de gestação.

Nesse caso, ela pode passar a infecção para o filho em um eventual parto vaginal.

Após o nascimento, uma das vias de transmissão é o beijo. O vírus nesse caso é passado se a pessoa que beijar o bebê tiver uma ferida de herpes.

O vírus também pode ser transmitido ao bebê se a mãe tiver uma bolha no seio, causada por herpes, e amamentá-lo diretamente ou extrair o leite para alimentá-lo da mama afetada.

“Feridas e outras bolhas causadas pelo vírus da herpes são mais contagiosas quando estouram. Elas permanecem contagiosos até que estejam completamente curadas”, diz o NHS.

O perigo, entretanto, também pode estar escondido nas mãos de quem toca o bebê – se ela tocou em alguma parte contaminada do corpo.

Nas crianças, muitas vezes ela afeta apenas os olhos, a boca ou a pele – e se manifesta com as erupções vesiculares, as “bolhas” na . Mas também existe o risco de se espalhar para os órgãos – o que torna o quadro, segundo o NHS, “muito mais grave”.

“Quase um terço dos bebês com esse tipo de herpes neonatal morrem, mesmo depois de terem sido tratados”, alerta o órgão.

Um guia do Ministério da Saúde do Brasil sobre doenças infecciosas e parasitárias também chama a atenção para os riscos do vírus: “O herpes simples neonatal é grave e muitas vezes fatal. Dos sobreviventes, 50% têm sequelas neurológicas ou oculares”.

Prevenção e alerta

Entre as recomendações para evitar a herpes neonatal, segundo o NHS, a mais contundente é a de que a mulher grávida deve informar ao médico ou a sua parteira se tem histórico de herpes genital.

Existe a possibilidade de ela precisar receber medicação durante o último mês da gestação – para evitar o surgimento de feridas vaginais durante o trabalho de parto. O parto por cesariana também pode ser recomendado se a herpes genital tiver ocorrido pela primeira vez nas últimas 6 semanas da gravidez.

Após o nascimento, qualquer pessoa que estiver com uma suspeita de herpes labial – um formigamento ou coceira em uma região dos lábios ou em torno deles, por exemplo, é um sintoma típico – está proibida de beijar o bebê.

Além disso, é preciso lavar as mãos antes de entrar em contato com a criança e antes de amamentar. Outra medida considerada fundamental é cobrir uma eventual ferida de herpes para evitar que ela encoste acidentalmente no bebê e, por consequência, transmita o vírus.

A pediatra Liz Bragg também dá conselhos para prevenção da infecção em recém-nascidos.

Um deles é, no primeiro mês de vida, “evitar passar o bebê de mãos em mãos, porque o sistema imunológico não pode combater a infecção” – e uma dessas mãos pode, eventualmente, estar infectada.

Se o bebê estiver apático, se irritando facilmente, com dificuldades para se alimentar e apresentar, por exemplo, febre alta, erupções na pele ou feridas na pele, nos olhos e dentro da boca, ele pode estar emitindo sinais de alerta.

Dois meses no hospital

O vírus da herpes tipo 1 é mais conhecido por causar a herpes labial

Uma vez diagnosticado, Noah foi enviado para o Hospital Infantil de Sheffield, no norte da Inglaterra, e recebeu medicamentos antivirais por duas semanas.

Ele também teve que tomá-los preventivamente por mais seis meses.

“No total, o tempo total que ele passou no hospital foi de cerca de dois meses e meio”, lembra Ashleigh.

A mulher publicou a história de Noah no Facebook e a postagem já foi compartilhada por mais de 10 mil usuários.

“Recebi muitas mensagens de outros pais que me agradeceram por tentar aumentar a conscientização sobre o quão perigoso esse vírus realmente é”.

Fonte: BBC Brasil

Sair da versão mobile