A pandemia do novo coronavírus pode levar a novas suspensões das aulas presenciais após o retorno dos estudantes às salas de aula, alertou a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em manual sobre medidas de segurança necessárias para a retomada do ano letivo.
O documento Manual sobre biossegurança para reabertura de escolas no contexto da covid-19foi divulgado na sexta-feira, 24, pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), com sugestões de normas e diretrizes para a retomada das aulas.
“O momento de reabertura das escolas deve ser orientado por análises epidemiológicas que indiquem redução contínua de novos casos de covid-19 e redução da transmissão comunitária da doença. Ao mesmo tempo em que fazemos estas afirmações, ressaltamos as condições atípicas em que tem se dado a flexibilização do isolamento social, bem como a precariedade do monitoramento da situação epidemiológica da covid-19 em alguns territórios”, diz o manual.
“O fortalecimento desse monitoramento será fundamental, sobretudo, para antecipar possíveis surtos da doença. Todo esse cenário nos leva a considerar que é possível que tenhamos que conciliar o retorno das atividades com novas suspensões, que serão indicadas pelas autoridades educacionais, sanitárias e governamentais. Essa alternância entre isolamento social e retorno às atividades poderá vigorar por algum tempo até o alcance da imunidade coletiva”, ressalta.
O documento traz informações sobre a covid-19, sugestões de organização geral das escolas para atividades de ensino presenciais, recomendações gerais para o deslocamento de alunos e trabalhadores, e sugestões para assegurar a saúde do trabalhador.
“Planos de reabertura que não correspondam a um cenário epidemiológico de redução sustentada da transmissão da covid-19 e que não tenham a proteção aos trabalhadores e estudantes como aspecto central, exigirão das escolas esforços incompatíveis com a sua estrutura e a sua missão, podendo colocar em risco toda a comunidade escolar”, alerta o manual.
Entre as medidas sugeridas estão:
- destinação de área de isolamento para casos suspeitos de covid-19;
- instalação de dispensers com álcool em gel 70% nas entradas,
- áreas de circulação e salas de aula;
- limitar o uso de elevadores a uma pessoa por vez;
- regular e orientar sobre o uso de equipamentos compartilhados, como impressoras, papeis e livros;
- fazer limpeza e desinfecção das salas de aulas nos períodos de intervalo para realização dos lanches e refeições;
- uso obrigatório de máscaras individuais, com recomendação de troca a cada 3 horas (máscaras não cirúrgicas ou ‘de tecido’) ou a cada 4 horas (máscaras cirúrgicas);
- garantir o distanciamento físico de 1 metro a 2 metros entre estudantes nas salas de aula;
- garantir distanciamento físico de, pelo menos, 2 metros entre professor e estudantes;
- interditar todos os bebedouros com acionamento manual;
- proibir compartilhamento de copos;
- instalar pias e lavabos em espaços abertos;
- não utilizar a modalidade de autosserviço na alimentação;
- instalar barreira física entre a área de distribuição de alimentos e os alunos;
- privilegiar renovação frequente do ar, mantendo janelas e portas abertas;
- não usar ar condicionado;
- instalar barreiras físicas de acrílico entre as pias do banheiro;
- instalar dispensers com álcool 70% ou outro produto, devidamente aprovado pela Anvisa, para higienização de assentos sanitários;
- entre outros.
“A viabilidade de adoção de medidas de proteção, como as que estão listadas nesse documento, deve ser cuidadosamente analisada por todos da comunidade escolar, inclusive para a definição de que o retorno sem determinadas condições não deve ocorrer”, ressalta o documento.
Os autores lembram que a suspensão das aulas presenciais ocorreu em mais de 190 países, afetando 1,57 bilhão de crianças e jovens, o equivalente a 90% da população estudantil de todo o mundo, segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
“De acordo com essa instituição, um pequeno número de países está reabrindo as escolas progressivamente, mas a maioria dos países ainda está na fase de discutir e preparar estratégias de volta às aulas”, pondera o manual.
Fonte: Terra