A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou nesta terça-feira (9) que a transmissão do novo coronavírus por pessoas que não apresentam sintomas de Covid-19 está acontecendo, mas é necessário determinar o quanto.
“Estamos absolutamente convencidos de que a transmissão por casos assintomáticos está acontecendo, a questão é o quanto”, disse Michael Ryan, diretor executivo do Programa de Emergências da OMS, durante uma live transmitida no YouTube e nas redes sociais do órgão.
“Os dois grupos [assintomáticos e pré-sintomáticos] fazem parte da transmissão do vírus, a dúvida que fica é saber qual o nível e a contribuição de cada um para o contágio.”
O esclarecimento surge um dia depois que a líder técnica da organização e epidemiologista, Maria Van Kerkhove, afirmou que “a partir dos dados que temos, ainda parece raro que uma pessoa assintomática realmente transmitir adiante para um indivíduo secundário”. Ainda assim, ela ressaltou que existe diferença entre assintomáticos e pré-sintomáticos.
A fase pré-sintomática refere-se aos estágios iniciais de uma doença, antes que os sintomas se desenvolvam, enquanto um paciente assintomático é aquele que não apresenta sintomas durante o curso de uma infecção.
Nesta terça, Van Kerkhove disse que os estudos mostram que as pessoas infectadas com Covid-19 têm mais risco de transmitir a doença quando apresentam os primeiros sintomas.
“O que eu estava me referindo ontem na entrevista coletiva era a alguns poucos estudos que tentaram analisar casos assintomáticos com o tempo. Há uma quantidade pequena dessas pesquisas, e eu apenas respondi a uma pergunta na coletiva. Eu não estava determinando uma política”, explicou Van Kerkhove.
“A questão não é apenas quem está transmitindo para os demais, mas quando. Os dados ainda são muito preliminares”, afirmou a epidemiologista. “Usar máscara reduz a possibilidade de transmissão por assintomáticos ou pré-sintomáticos”, acrescentou ela, reiterando o pedido para as pessoas sempre lavarem as mãos e se isolarem, caso apresentem sintomas.
Segundo ela, um subgrupo de infectados não desenvolve sintomas, mas ainda pode infectar outros indivíduos. Além disso, cerca de 40% das transmissões podem ocorrer por casos assintomáticos.
Van Kerkhove e Ryan salientaram a importância de testar os casos suspeitos para rastrear a linha de transmissão do vírus e neutralizar a propagação em massa, ou mesmo reduzir o contágio até que não haja mais casos, como aconteceu recentemente na Nova Zelândia.
“Precisamos testar os casos suspeitos, definir o alvo e focar os testes nos indivíduos que apresentam os sintomas para rastrear a disseminação do vírus. Dessa forma, podemos colocá-los em quarentena, oferecer suporte e quebrar a cadeia de transmissão. Se possível, por favor façam isso”, pediu o diretor executivo.
“Há um período em que a pessoa está começando a ficar doente e o vírus se espalha. É isso que torna tão difícil pará-lo”, disse Michael Ryan.