Especialista sugere uso de máscara dentro do carro, mesmo se estiver uma pessoa estiver sozinha. Risos e conversas animadas, como acontece na foto, não são recomendadas
O uso de máscaras para se locomover através de transporte público, táxis ou carros de aplicativos já é tão óbvio que não desperta dúvidas da população – e virou até decreto em São Paulo. Mas e dentro do próprio carro? A resposta dos especialistas é: sim. Mai: apenas o uso das máscaras não é suficiente para a proteção.
As condições ideais, mesmo que uma pessoa esteja sozinha dentro do carro, são atingidas com o uso das máscaras e também dos óculos protetores, além de manter os vidros bem abertos para ventilar o local – ar condicionado nem pensar. As recomendações parecem extremas, mas é a solução mais fiel para que o risco de infecção dentro dos veículos fique próximo a zero.
Quem explica por que devemos adotar estes critérios é Letícia Kawano Dourado, doutora em pneumologia pela faculdade de medicina da USP, e pneumologista e pesquisadora do Hospital do Coração em São Paulo. A profissional integra a Coalisão Brasil Covid-19, uma iniciativa inédita de várias instituições de saúde do país para realizar estudos sobre a doença, e também dedica uma página no Instagram para esclarecer dúvidas médicas.
“A pessoa deve usar a máscara mesmo sozinha no carro não para se proteger apenas, mas se estiver em um período pré-sintomático, ainda sem mostrar sintomas, ela já está infectante. A máscara protege o ambiente de se contaminar de partícula viral. Se na sequência entra alguém da família ou um manobrista de algum lugar, por exemplo, eles podem se infectar”, explica Letícia.
A recomendação para a utilização dos óculos se explica porque a mucosa do olho também é uma porta de entrada para o vírus. “Se alguém espirrou no ambiente, ele fica carregado de gotículas. Se a pessoa estiver contaminada, elas podem entrar pelo olho. Os óculos de proteção não são caros e são reutilizáveis, ao contrário das máscaras simples. Eu mesma só ando de óculos”, revela a pneumologista.
Apesar de não haver estudos relativos ao assunto sobre o novo coronavírus, as pesquisas feitas a partir da contaminação do Influenza mostram como acontece o processo de uma infecção viral. Estima-se que a tosse e o espirro produzem uma emissão de partículas no ambiente 10 milhões de vezes maior do que a respiração comum. Já uma conversa mais animada infecta 10 vezes mais do que a respiração.
Letícia Kawano Dourado afirma também que deve-se até evitar conversar dentro do carro. “Mesmo de máscara, principalmente se for a simples, aquela que reduz mas não zera o risco de contágio. Em uma situação com o vidro fechado, uma conversa animada e uma distância relativamente longa, de 40, 50 minutos, o risco de se contaminar caso tenha alguém infectado dentro do carro é enorme”.
Fonte: Veja