Já o produtor argentino é o que mais sofre, pelo deteriorado contexto econômico local
O produtor brasileiro de soja recebe menos pela tonelada de soja do que seus pares dos Estados Unidos e do Uruguay, mas bem mais do que os argentinos, que sofrem com as “retenciones” (impostos sobre exportação). Os dados são do consultor agrícola Néstor Roulet, que é produtor e ex-secretário de Agronegócio da Argentina no governo Mauricio Macri, em estudo divulgado pela plataforma Agrofy.
O preço efetivo da soja pago ao produtor (em US$ por tonelada) é atualmente de US$ 310 nos Estados Unidos, US$ 300 no Uruguai e US$ 285 no Brasil. Já na Argentina esse valor é de apenas US$ 121, o que representam diferenças entre 124% e até 148%. Até os paraguaios recebem mais, com US$ 270 por tonelada.
De acordo com Roulet, o preço efetivo pago para o produtor argentino está deteriorado pelo contexto econômico local. A desvalorização brutal de câmbio na relação do Peso argentino com o Dólar, bem como as famigeradas “retenciones”, têm impactado fortemente na lucratividade e na competitividade do agricultor argentino em relação a outros países.
E é justamente no caso da soja que essa desigualdade de condições é mais representativa. Trata-se do produto agrícola mais taxado pelos impostos sobre exportações cobrados pelo atual governo Alberto Fernandez: a alíquota é de 33%, de acordo com a chamada “lei de emergência”, decretada pelo então recém-empossado presidente e aprovada no parlamento argentino ainda no final do ano passado.
Ainda segundo o estudo de Néstor Roulet, caso não houvesse “retenciones”, os sojicultores argentinos poderiam receber até US$ 305 por tonelada. Isso os colocaria como os sulamericanos mais bem pagos, e ficariam apenas atrás dos Estados Unidos no âmbito das Américas.
Agrolink